O melhor

Post de 2013.

Concentra  tudo o que é a cultura lambeadolescente,  sexofílica, chupamédia e hipercorrecta de hoje.

FNV

51 thoughts on “O melhor

  1. henedina diz:

    “”Xupa Cabras” subverteram os cânones tradicionais e rasgaram horizontes a fundo, transgredindo limites e ultrapassando…”. O que subverteram? É o que há de mais basico e marialva.
    E, escusava de ter visto.

  2. caramelo diz:

    So what? É só malta a divertir-se. A cultura de “ontem” era como? Ler o Tertuliano?

    • fnvv diz:

      Fico com a ideia de que não consegues ser independente ( livre) nem uma vez.
      Viste mal, não é malta a divertir-se, é uma “intervenção cultural e artística” e o lixo é lixo hoje como era no tempo de Tertuliano.
      Partilho das ideias de Ferrari ( http://federico-ferrari.blogspot.pt/):a democratizaçao da arte foi um fracasso, a arte ou é aristocrática ou só resta o passadismo autoritário e o niilismo sem valor.

      • João. diz:

        Isto também não é bem assim. O que são hoje, por exemplo, obras gregas clássicas, associadas ao gosto aristrocático, eram então obras populares – até os presos eram levados a atender aos festivais de teatro. Talvez nalgum momento de nossa cultura cristã os aristocratas se começaram a horrorizar-se com a partilha das bancadas do teatro com a populaça e como são eles que mandam…

      • fnvv diz:

        não, não, o termo aristocrático que Ferrari usa refer-se ao sentido original “governo dos melhores” e não à nobreza hereditária.
        A arte seria assim uma comunidade dos melhores.

      • nandiaf diz:

        This is the most reactionary view on art that I’ve recently seen. You’re very much mistaken if you think that “aristocratic” art only refers to a “governo dos melhores” and is deprived of any class content. Who decides what is best? And for whom? You advocate the right of the cultivated few to determine what art is and is not, and this has been the prerogative of the aristocracy and the upper middle class for centuries. Exclusion of the lower classes was always a way to preserve art’s beauty and eternal standards of beauty usually reflected conservative ways of organizing society. Even if you don’t like the content of a specific performance, even if you think it’s garbage (and you’re entirely entitled to your personal opinion), saying that the democratization of art was a failure reveals a reactionary and conservative world view.

      • fnvv diz:

        Can you read? Nothing to do with classes. I made Ferrari my own words and I agree, and you are calling him a reactionary ( and every one who published with him, for instance , in “Persistência da obra – Arte e política”, Assírio & Alvim, 2011), maybe because you don’t understand, didn’t read him, or you are a bit fascist.
        Take the link to Ferrari work and be cautious nex time so you don’t make a poor figure out of you:
        http://federico-ferrari.blogspot.pt/

  3. henedina diz:

    É só malta a divertir-se exceto o que diz isso. Não me parece uma frase “pansexual”.

  4. João. diz:

    Eu tenho a ideia que mesmo os pintores mais abstractos pensam muito antes de passar ao pincel, e se não estão a pensar no momento da execução, que por vezes pode ser como um frenesim, estão a pensar nisso o resto do tempo – vivem para aquilo.

    Não me parece, sinceramente, ser assim a maior parte dos casos como o que vemos nas fotos. O espírito, digamos assim, não se demora nessas obras. Em todo o caso se proliferar e se generalizar poderá vir a ser conhecido no futuro como um movimento artístico do nosso século…O que dirão no futuro, do nosso século, por ter tomado isto como arte é que interessa saber mas estar por cá ainda é que já é mais difícil…às vezes um filósofo aparece e dá-nos um vislumbre.

    • fnvv diz:

      Uma das consequências da banalização da arte ( e conheço melhor o campo literário do que o pintado, confesso) é a sua submissão à espectacularidade e à cacofonia agendada das tecknai. O vulgar sempre existiu, tome-se a excelente recolha de Fredrico Lourenço de poesia grega quase porno: não chega aos calcanhares da outra.

  5. Patrícia diz:

    Much ado about nothing.

  6. balde-de-cal diz:

    não se consegue varrer o lixo humano
    nem há lixeira que o aceite

  7. Bonjour Filipe,
    Un blog trés cosmopolite 🙂
    Abraço e bom ano 2013 graças ao Ola John

  8. zaca sarapatão diz:

    Não inventam nada.Desde as paredes de Pompeia.

  9. caramelo diz:

    Filipe, poupa-te; essa conversa já é velha de cem anos. Mais boçal que as caralhadas dessa performance é a pateada do “palhacitos idiotas” do autor do post, e isso seria capaz de te dizer muito artista desses de “qualidade”, já mortos e enterrado há muito, de quem se disse o mesmo e que agora estão no cânone. E essa do “nihilismo sem valor” parece um eco das acusações ao kandisnky pelos comissários da verdadeira arte. Queres arte nihilista com valor? É contradição nos termos e já vais tarde para a descobrires. Tudo isso já foi ultrapassado quando a arte mudou de paradigma, pelo menos com o Duchamp, e finges que não deste conta. Aquela também não é arte de que eu gosto, não pretendo pendurá-la no salão (o que seria difícil), e sou suficientemente académico e passadista para preferir ir ao Louvre ou ao museu de Orsay ver a Grande Arte. Já não caio é no ridículo de achar que a arte é ainda a comunidade dos melhores. É a comunidade daqueles que fazem a arte, muitas vezes só pelo gozo de a fazerem para se divertirem e aos amigos. Pim.
    Concluíndo, se aquilo é o melhor post do ano, estamos mesmo muito pobrezinhos. As ideias são pobrezinhas e a escrita é rasteirinha, com aquele gozosinho, aquela ironiazinha, da pessoa de bom gosto. Antes a conversa do “é para subsidiar isto que pagamos impostos?” ou o “lá andam eles a conspurcar paredes do nosso património com asneiras”. Eu lá no malomil gosto de ver é as imagens do outono na Nova Inglaterra e esse permanente gabinete de curiosidades que são aquelas histórias que lá se contam.
    E então, julgas que és mais independente (livre) do que eu, porquê?

    • fnvv diz:

      Se bem me lembro, o nosso diálogo não era sobre o post em si, mas sobre o evento cultural que tu confundiste com ” malta a divertir-se”, como quando os estudantes estão a urinar contar a parede e a sacudir as ditas.
      A aristocracia da arte no sentido de Ferrari é um excelente conceito ( afasta os que entendem que tudo é arte , bastando para isso ser declarada como tal, e que metem tudo no mesmo saco, como tu ) e vejo que falas sem saber o que ele quer dizer com isso, fica com o link para lhe continuares a chamar atrasado e passadista:http://federico-ferrari.blogspot.pt/.

      “e sou suficientemente académico e passadista para preferir ir ao Louvre ou ao museu de Orsay ver a Grande Arte”, my god! Ainda vives na ilusão que para ver grande arte tens de ir ao Louvre ver coisas antigas! É carinhoso. ..
      “É a comunidade daqueles que fazem a arte, muitas vezes só pelo gozo de a fazerem para se divertirem e aos amigos. Pim.” ? Perlimpimpim, i rest my case.
      Mais livre que tu? reconheço que me enganei. Dez skins analfabetos e divertidos a pintar pretos a serem sodomizados é arte para ti, não é? Então és muito livre.

  10. Miguel diz:

    Eu não li o Ferrari, por isso não o comento. Mas atenção que a linha que separa a arte da bandalheira pode ser ténue se o olhar for mais ou menos distraído. Isto é, para o olhar do burguês médio. For instance:

    http://fr.wikipedia.org/wiki/Fontaine_%28Duchamp%29

    A arte mais do que aristocrática é necessariamente, e em função dos casos, anti-burguesa ou não-burguesa. Os do link assim à primeira vista parecem-me triviais e desinteressantes. Mas não vejo em que medida é que isso afecta a arte que vale a pena. Já as distribuidoras de cinema, música, literatura na sua função de moldar os gostos para o melhor e, mais frequentemente, para o pior têm um efeito muito mais relevante. Era disso que é mais importante criticar em minha opinião.

    • fnvv diz:

      Sim. Na literatura, menos na poesia, que me interessa mais , é aquilo que Manchev chama a privatização do campo do sensível. É uma tristeza.
      Quanto ao que se critica, isso meu caro, depende do momento. Estas borradas elevadas a arte só porque pertendem chocar + lGBT, ora bananas.

    • João. diz:

      A questão talvez seja que Duchamp ao eleger um urinol com um objecto artístico inaugurou um movimento que se encerrou logo ali em termos de expressão. Foi directo ao assunto e é como se deste assunto, da banalização da arte, digamos assim, nada mais houvesse a dizer que realmente lhe acrescente alguma coisa.

      Que artistas prossigam neste modelo, neste conceito, é com eles, contudo o que proponho aqui é que deles já não se vai acrescentar nada a Duchamp, são um pouco como artistas já ultrapassados [por Duchamp] mas que ainda não deram conta disso.

      Por isso eu olho para aquela instalação ou o que quer que o chamemos e vejo uma instalação perfeitamente urbano-burguesa. Ou, se Duchamp desafiou as convenções burguesas no seu momento, estas, contudo, acabaram convencionadas por Duchamp e o resultado é o aburguesamento do seu [Duchamp] conceito.

  11. Miguel diz:

    Correcção: É isso que é mais importante criticar.

  12. caramelo diz:

    Sim,aquilo parece-me ser só malta a divertir-se, muito,e não sei porque é que isso não pode ser um evento cultural. O conceito de “malta só a divertir-se.” pode ser interessante. Quanto aos pretos a serem sodomizados, não tens outro exemplo? Essa tua provocação introduz uma dimensão ética na arte que não é para aqui chamada e que nem o ferrari defenderá, não sei, pode ser muito escorregadia. Mas eu desse ferrari só comprei o que aqui vendeste. Se calhar, deste-lhe um ar demasiado darlymple. Deve ser um bocadinho menos básico do que aquilo do malomil.

  13. xico diz:

    Subverter canones tradicionais e rasgar horizontes é, por exemplo, o le dejeuner sur l’herbe de Manet. E ainda considero absolutamente iconoclasta o quadro de Velazquez da Venerável Madre Jerónima de la Fuente, mas devo ser só eu. O que se vê na intervenção sinalizada não subverte, não é iconoclasta nem rasga horizontes. É só lixo. Quem é que ainda se perturba com frases como “monta-te aqui ” ou “chupa-me”? E para ver pichas vai-se ao Vaticano: entra-se e procura-se a capela sistina!

  14. caramelo diz:

    Aquilo nunca pretendeu ser revolucionário, apenas um pequeno gozo entre amigos aberto ao público, mas suscitou um debate, irritando mesmo algumas pessoas, o que é curioso. É nisso que a arte continua interessante, não por ser iconoclasta. Com o Cezanne, o Picasso, o kandisnky e outros ainda se podia falar em iconoclastia, no sentido da subversão dos modelos tradicionais de representação, mas isso acabou, porque se acabaram os modelos tradicionais. Resta aquele mínimo de desafio à moral burguesa e este cumpre os mínimos. Não vale a pena fingirmos que aquilo é urbano-burguês, porque ninguém escreveria “chupa-me aqui” no hall de entrada. Não perturba? Pois. Um dia deixa de perturbar, como já deixaram de perturbar as reproduções dessa coisa agora pueril que é uma mulher nua sentada na erva com cavalheiros num piquenique na erva. Quando se torna arte de qualidade, se canoniza, acabou a sua utilidade. Não estamos a falar de engenharia civil.
    Com menos arte acrescentada do que este, mas ainda assim interessante, pelo debate que tem suscitado, são os objetos da Joana Vasconcelos, que fazem a arte recuar trezentos anos, ao regime da encomenda oficial para engrandecimento do regime.
    O que o Duchamp fez, juntamente com os da arte conceptual que vieram com ele, foi tornar irrelevante certo tipo de discurso sobre a arte, como o da aristocracia da arte, e aquele do malomil. A arte é o que os seus autores designam por arte, nem mais, nem menos, nem que seja um tipo a urinar para uma parede.

    • um gozo entre amigos… hum.. isso muda tudo. ou então não.

      quando eu era puto tinha uns colegas rapazes que se orgulhavam de “bater colectivas”. eu nunca era convidado por não pertencer ao restrito grupo e sinceramente nunca percebi se eles, quando se encontravam sozinhos, batiam as ditas “colectivas” ou estavam apenas a gozar comigo. independentemente da realidade vivida por esse extraordinário grupo de adolescentes que comigo partilhou os corredores do básico e secundário, agora compreendo que eles só se queriam divertir. queriam divertir-se uns com os outros, sem a presença de um jovem chato e ingénuo como eu, batendo as ditas colectivas num clima de união e troca de experiências intensas, ou às minhas custas, gozando simplesmente com a minha inexperiência e fazendo-me crer que a realidade era muito mais complexa do que eu imaginava.

      penso que terá sido, mais ou menos, o que se passou com esta intervenção artística. os jovens artistas combinaram “bater uma colectiva”. se a dita aconteceu ou não, nunca se saberá. se era objectivo deles “bater a colectiva”, só eles sabem. as imagens não provam nada. a presença de elementos do sexo feminino introduz dados novos que eu, chato e ingénuo como sempre, não consigo, de momento, alcançar. mas no geral é mais ou menos isto. ou talvez não.

      mas não faz mal.

      como é evidente, está tudo bem.

      • caramelo diz:

        Essa de não teres sido convidado para a colectiva no liceu ficou-te atravessada, mas ainda vais a tempo, se deixares de ser chato.

    • João. diz:

      Parece-me que dada a sua posição a arte passa a ser acima de tudo um álibi:

      – não, eu não estava a mijar numa parede, eu estava a criar uma obra de arte; não, não é que eu não saiba a primeira coisa sobre desenho, é a minha obra que não demanda qualquer conhecimento; não, isto não é apenas uma desbunda, isto é uma instalação, etc.

      • fnvv diz:

        óbvio, resta saber por que motivo ( já vimos que há “limites éticos”para o caramelo , pelo menos com neonazis)

    • xico diz:

      Ouvir o Messias de Haendel primorosamente cantado e tocado, com uma encenação que rompe com os canônes, como ontem ouvi no Mezzo, é subversivo, revolucionário e perturbador (para mim ouvir “How beatifull are the feet” com a cantora a massajar os pés do amante foi perturbador), mas é uma obra de arte. Uma parede com asneiras borratadas é só isso: Uma parede com asneiras borratadas. Um tipo a urinar para uma parede será uma obra de arte, como são as imagens eróticas de Leda com o cisne. Uma mulher a fazer sexo com um cisne num quarto de hotel é crime, tal como alguém a urinar numa parede da baixa. Será que o Duchamp definiu qual o discurso sobre a arte que deve ser relevante? A empregada de limpeza que deitou no lixo uns cacos que encontrou no chão de um museu protagonizou uma das melhores obras de arte que vi nos últimos tempos. O autor da instalação não gostou, coitado!

  15. Vocês não percebem nada, pá. A arte é a mesma coisa que a publicidade. É assim mais ou menos desde que o o Charles Saatchi foi corrido da agência que o tornou bazilionário e teve de fazer outras coisas na vida, como apoiar os Young British Artists e papar prémios Turner. A história vem toda aqui:

    Antes disso, a arte era a decoração de interiores da Peggy Guggenheim. Mas esses tempos acabaram quando os ricos passaram a investir dinheiro em vez de gastar dinheiro.

    Não me agradeçam.

  16. caramelo diz:

    Para reclamações, é favor dirigirem-se ao guichet do senhor Duchamp. O tipo não definiu nenhum discurso, pelo contrário, decretou que cada um deve fazer o seu próprio discurso legitimador, ou “álibi”, como refere o joão. Acabou-se a academia; já ninguém tem de ir aprender a desenhar, para depois “desaprender” de desenhar para chocar a academia. Mas isto é alguma novidade? Essa empregada de limpeza até utilizaria o urinol do Duchamp para fazer as suas necessidades, num aperto. E daí? Só não utilizaria o ferro de engomar com pregos do Man Ray, porque não daria jeito.
    Claro que defino limites éticos, mas não foi isso que eu te tinha dito, Filipe. O que te tinha dito é que já ninguém seriamente invoca essa dimensão ética da arte para a caracterizar ou legitimar. Os meus limites éticos é que não mijem nas minhas paredes, e que não ofendam as minorias ou maiorias, sejam os neonazis, sejam os neoestalinistas; que sejam bons para as pessoas; que não façam instalações artísticas que possam cair em cima das pessoas, que não empreguem escravos para fazer pirâmides, etc. Mas isso não tem a ver com a arte, tem a ver com tudo o que fazemos.
    Em Coimbra, há uma data de anos, um tipo colocou durante a noite um cabide numerado numa exposição de arte no governo civil. O cabide ganhou um primeiro ou segundo prémio, não me lembro, e o autor veio depois denunciar a “fraude”. Puseram-se a jeito. O problema é quando se continua com esse anacronismo de dar primeiros e segundos e terceiros prémios à arte, como no tempo dos “salões”. A arte já é mais ou menos tudo o que se quiser; a medíocre é aquela que copia o que já foi feito, sem acrescentar nada, não aquela que é “lixo”. Já estou farto de ver exposições em Coimbra de artistas locais consagrados a fazer vieiras da silva e gargaleiros, que é o genérico mais barato, e a mesma arte abstrata que já se fazia há cem anos, sem pelo menos uma pontinha de ironia, que lhe acrescente alguma coisa.

    • João. diz:

      Eu concordo que a arte deve ser o mais livre possível. A sua perspectiva, no entanto, e corrija-me se não for assim, resulta num enunciado até muito simples:

      – querer ser artista é ser artista.

      • fnvv diz:

        elé já percebeu, é um rapaz inteligente, não dá é o braço a torcer porque deve temer um qualquer desvio homofóbico eheheh…

      • João. diz:

        Eu tenho discordado do caramelo mas em todo o caso há também formulações com as quais eu estou de acordo. Por exemplo esta:

        “a medíocre é aquela que copia o que já foi feito, sem acrescentar nada, não aquela que é “lixo”.”

        E isto é relevante até porque já muita bela arte começou por ser chamada de lixo no seu tempo.

      • fnvv diz:

        depende. nas cultura sdas civilizaçõess axiais, e sobretudo na grega, copiar o mestre era uma honra e uma maneira de estimular ar te. Convenções portanto…

      • João. diz:

        Sim, também tem razão. E nem é preciso ir à antiguidade. Talvez a diferença se faça entre os discípulos que se fazem mestres da própria arte de seu mestre e em certa medida o reinventam e os que nem por isso. O que é interessante no tema da repetição é a diferença entre a repetição do acto de mestre e a repetição da acção do mestre – parece pouco mas talvez marque a diferença entre o que fica para a história e o que não fica.

      • caramelo diz:

        Não, alguma coisa tem que fazer o artista, nem que seja encher um lata de merda, como aquele artista italiano. Ainda não chegámos a esse ponto de sofisticação imobilista mental. Mas está bem pensado e criaria uma ruptura ainda maior do que a do ready made. O artista seria passeado por galerias e acabaria vendido em leilão a um xeque árabe. Sei que como está já não chegamos a lado nenhum.

    • João. diz:

      “Para reclamações, é favor dirigirem-se ao guichet do senhor Duchamp. O tipo não definiu nenhum discurso, pelo contrário, decretou que cada um deve fazer o seu próprio discurso legitimador, ou “álibi”, como refere o joão. Acabou-se a academia; já ninguém tem de ir aprender a desenhar, para depois “desaprender” de desenhar para chocar a academia.”

      Pode ser, caramelo. Mas podemos perguntar-nos também se a obra de Duchamp não é precisamente uma crítica à obra de Duchamp, enfim, uma crítica ao próprio paradigma que criou essa obra de Duchamp?

  17. henedina diz:

    Nunca umas pilas foram tão extensivamente discutidas, afinal deve ser arte se provoca tanta controversia.
    Mas continuo a não gostar da que referi e liberdade é isso.
    Como é costume considerar qq lambuzada de tinta arte é imoral não considerar, então, isto arte.
    Prefiro o quadro em branco, por favor, mantenham arte nas paredes da cidade. Coloquem uma parede para grafittis (como em Braga) e fica lindo, para as outras paredes serem arte “quadro branco”.

    • fnvv diz:

      um penalty no benficaxfcp também provoca controvérsia, também é arte…

      • henedina diz:

        subverteram os cânones tradicionais e rasgaram horizontes a fundo, transgredindo limites e ultrapassando…era um penalty a favor do braga com um destes clubes. Isso sim era arte com este rasgo

  18. caramelo diz:

    Sobre “copiar o mestre”, foi assim com a arte grega e continuou assim ao longo do tempo, até às escolas flamenga, italiana, etc. A arte grega era decorativa, cumpria uma função social, que era reproduzida pelos aprendizes nas oficinas, mas as temáticas e as funções da arte continuaram basicamente, apenas foram mudando as formas de representação: sem e com perspetiva, sem e com claro escuro, estática e com movimento, etc. que os mestres e os discípulos tornados mestres iam inventando, em golpes de génio, para melhor glória do objeto, sagrado ou profano. Nessa altura ainda havia o conceito de mestre, aquele que ensina a profissão, e isso entretanto desapareceu, porque não faz já nenhum sentido. Agora ensina-se desenho e história da arte, não se ensina a criar arte.
    Nisto a literatura andou sempre à frente das artes plásticas, menos no último século. Não há nenhum equivalente na pintura e na escultura no século V à invenção do “eu”, da introspeção psicológica e da angústia do Confissões do Santo Agostinho, assim como não surgiu no século XVII nenhum salto na arte equivalente à invenção do romance moderno com o Quixote do Cervantes. A pintura era uma arte de encomenda, ao contrário da escrita, sempre mais solitária e mais livre. Só no último século a literatura ficou para trás, porque parece dificil inventar mais formas de representação da acção e da consciência humana por palavras. Na música essa liberdade surgiu com o Beethoven, quando assumiu a liberdade de criação libertando-se dos seus patrocinadores, continuou com os românticos e só de seguida com as artes plásticas. A pintura tinha uma função definida e era feita para ser percebida. Eu não percebo a maior parte da arte que agora se faz, nem isso parece ser exigido, porque o seu discurso é de auto-legitimação. O quadrado branco sobre fundo branco do Malevich (aquele de que a henedina gosta :))ainda não é percebido por muita gente, que acha que a arte tem que figurar alguma coisa do mundo conhecido, real ou sobrenatural, como sempre se fez. Muitas vezes, como é o caso, a arte é somente um pensamento sobre si mesmo. Mas aquele tem uma força de descoberta ou invenção muito superior à maior parte do que até então se fez e provoca perplexidade, que é o que agora a arte pode fazer de melhor.
    Vai assim mais ou menos atabalhoado, a ver se se aproveita aqui alguma coisa para a discussão.

    • fnvv diz:

      e vai muito bem
      voltaremos , espero, a isto, puxando maisa brasa à minha sardinha ( arte literária), aproveitando um texto do Actual

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