Há um ano, o Papa era cúmplice da ditadura argentina. Agora, é a última esperança da esquerda para defender os pobrezinhos.
Faz-nos acreditar no género humano, esta coerência, esta seriedade, esta pureza de convicções.
Mal posso esperar pelo ano que vem.
PP
PP,
o futuro eu não consegui ainda ver.
Mas no presente é notorio que as palavras do Papa, que coincidiram com as de MS, lhe causaram uma azia atróz.
Não deixe que isso se transforme em raiva e insatisfação. Reflita sobre o assunto e penitencie-se como bom cristão… vai ver que passa!
Eu vejo aí que toda a gente pode ser redimida, é um dos motivos para abolir a pena de morte.
O truque habitual, estilo Helena Matos.
” para defender os **pobrezinhos** ”
A linguagem escolhida nunca é inocente. Num tempo em que as dificuldades financeiras, o desemprego, a ausência de perspectivas (e a consequente sentimento de perda de dignidade) assola um conjunto vasto e crescente da população, o Pedro designa-os por “pobrezinhos”, termo de menosprezo e apoucamento, com um significado que reforça sem ambiguidade os aspectos ligados à dignidade fragilizada. Além de limitar o “debate” às questiúnculas que giram exclusivamente em torno do posicionamento político-ideológico de cada um. Não resta nada de inteligente a acrescentar a este estilo de conversa proposto e promovido pelo Pedro, apenas a constatação óbvio de que é muito pouco cristão.
ah, chegámos ao momento delicioso em que os não católicos distribuem medalhas de bom comportamento católico. Que pena, fico de fora. Será que vou para o inferno?
Não vai para o inferno, vai apenas de castigo para o canto porque confundiu “cristão” com “católico”. 😉
e qual é o comentário do PP à exortação apostólica?
Ao contrário de toda a gente, ainda não a li.
Sempre achei que é com papas e bolos que se enganam os tolos, mas estará neste papa a justeza de um justo – não dar por caridade aquilo que é devido por justiça?
Isso é doutrina da Igreja há muito tempo. Essa frase surge exactamente assim no Vaticano II, mas o sentido é muito mais antigo. Por exemplo, S. Gregório Magno, numa obra chamada Regula Pastoralis, diz: “Quando damos aos pobres o que lhes é necessário, não lhes damos o que é nosso; limitamo-nos a devolver-lhes o que lhes pertence. Mais do que praticar caridade, cumprimos um dever de justiça.” O Bento XVI usa quase ispsis verbis esta fórmula na Deus Caritas Est. Não há grande novidade no que diz o papa Francisco, como seria de prever: é a doutrina cristã de sempre com uma retórica talvez mais chamativa. Faz-me uma confusão enorme estes simplismos (papa bom conta papa mau, revolucionário contra conservador, etc.), que às vezes atingen o mesmo papa com meses de intervalo (como sudcedeu com este, primeiro fascista, agora um justo). Simplismos que, regra geral, obscurecem mais do que explicam.
Ora nem mais. O Papa Francisco anda a dizer o mesmo que já tinha dito Bento XVI, o problema é que agora ouvem o que não ouviam antes. Andavam distraídos, não ligavam, não havia tanta pressão mediática.
Pois é, a doutrina está lá. E a boa doutrina até o ruim a prega. E quando é o ruim a pregá-la, só temos se seguir o conselho de Santo Agostinho: porque o ruim pregando é vide entre silvas, colhamos o cacho mas guardemos a mão.
O problema com a sabedoria longeva da igreja em relação à justiça, é praticar a useira e vezeira má política do quietismo messiânico. Não basta doutrinar a justiça, é necessário bradar e contender por ela, não basta dar por caridade o que é devido por justiça, porque um verdadeiro cristão quando dá por caridade o que é devido por justiça nunca o fará sem pudor e esperança: o pudor de não haver justiça, a esperança de que ela possa ser feita.
Está o cristão disposto a bradar e a contender por justiça? Já, ou vai esperar pelo reino milenar de cristo?
“Simplismos que, regra geral, obscurecem mais do que explicam.”
Não conheço nenhuma explicação bem feita que não resulte numa grande simplificação do problema inicial. Até porque explicar é parecido com alisar, como um breve estudo etimológico permite. Explicar = Retirar dobras, Desdobrar, Alisar. Ou seja a explicação interfere sobre o explicado, muda-lhe a forma, no caso passa de complicado, cheio de dobras, para explicado, ‘sem dobras’, ou ‘alisado’ porque não também.
Então, é verdade que as explicações poderão ser suspeitas mas isso é derivado da explicação enquanto tal e do facto de a palavra nunca ser capaz de preencher o real.
Boa observação. Existe uma determinada parte do espectro político que usa os ditos e as missivas papais como bem lhe é útil, na máxima pura do utilitarismo Milliano na política. Ora se é clerical, ora não se é.
O problema maior, é os “pobrezinhos” andarem tanto a precisar de defesa.
Há anos isto era Impensável. Agora é real.
A esquerda não ligava porque não era preciso.