Hawthorne.

“I cannot endure to waste anything as precious as autumn sunshine by staying in the house. So I spend almost all the daylight hours in the open air.”

Luis M. Jorge

 

O tal que está com Alzheimer, incapacitado, que tem de renunciar porque não abre a boca:

Aqui.

Os  Malheiros e outros Guardas da Revolução vão voltar a ter de perseguir os gatos e as flores.

FNV

Mares de Outono

Este

(Anónimo, A Batalha de Lepanto, c. 1573),

este

(Claude Lorrain, Paisagem com Embarque de Santa Paula Romana em Óstia, 1639-1640),

este

(Joseph Turner, Naufrágio de um Cargueiro, c. 1810),

este

(John Constable, O Farol de Harwich, c. 1820),

este

(Claude Monet, Barcos, 1868),

este

(Paul Signac, O Pontão de Portrieux, 1888),

este

(Théo Van Rysselbergue, Homem ao Leme, 1892),

este

(Edward Hopper, Square Rock, Ogunquit, 1914),

este

(Giorgio de Chirico, Natureza-Morta com Peixes, 1925)

e este

(Maria Helena Vieira da Silva, História Trágico-Marítima ou Naufrage, 1944),

além de Guardi, Ingres, Courbet, Klee, Arpad Szenes, Amadeo Souza-Cardoso, Nikias Skapinakis, Noronha da Costa e muitos, muitos outros

estão na Gulbenkian, na melhor exposição de Lisboa: “As Idades do Mar”.

Ide.

PP

Meta-estética do rabo feminino: algumas notas

Qual a possibilidade de uma mulher com um rabo fabuloso ser  feia, gorda ou asténica? Nenhuma. Já uma mulher de mamas bem feitas pode ser gorda, magra, feia ou até asténica ( se as mamas forem perfeitinhas mas pequeninas). O rabo da mulher é  a urpflanze de Goethe, a matriz, o início, o arquétipo.

Nesta foto podem ver péssimos  exemplares  que nunca deveriam ter sido admitidos  a concurso. As duas da direita são uma desgraça. A penúltima   exibe uma continuidade de presunto entre  o  crural e a linha média  dos glúteos, a última parece ter o rabo enxertado num tronco de eucalipto. A que está ao centro é  a melhorzinha, tem proporções adequadas, mas os salto saltos  não a favorecem. Um rabo como deve ser não deve estar  empinado em cima dos saltos. Por um lado é de uma vulgaridade arrepiante, por outro é um erro: o empinado do rabo deve sobressair  no conjunto corporal. Descalça  é que é.

 

FNV

O vento mau (4)

É a palavra  de um mosquito

que  morde e diz

encolhe, filho, encolhe.

Não te defendas,

tens todo o tempo.

FNV

Venceu a civilização

Obama foi reeleito e disse, no primeiro discurso, que “o melhor ainda está para vir”. É agora que vai fechar Guántanamo?

PP

O vento mau (3)

A vida privada tem de acabar.

O futuro é um aquário

e nele todos vêem

os teus olhos

a fazer de parede.

 

FNV

O vento mau (2)

Não te estás  a afundar

porque não conheces o fundo.

Ele é quente  e quieto.

Desce, menino, desce

desliza, desliza.

 

FNV

 

 

O vento mau (1)

Nem sabes o que te espera.

Vais sobreviver

só para me obedecer.

Quando é que isto acaba?

Quando recomeçar.

FNV

Relamento, mas

Luís, relamento insistir, mas isto é essencial. Não comparaste apenas os projectos políticos de Obama e Romney: qualificaste-os como “uma espécie de civilização” e “uma espécie de barbárie”. É aqui que os nossos caminhos se bifurcam.
As palavras têm um peso. Nem Obama é a civilização, nem Romney é a barbárie. Hás-de conceder-me que a absolutização da alternativa, como se fosse uma escolha entre o bem e o mal, apela ao simplismo. Obama e Romney estão mais próximos, sobretudo na política externa, do que a esquerda e a direita europeias. Se me dizem que as eleições americanas são polarizadas, tento imaginar um Syriza ou um PCP na América…
Não dá. Mas tu, “horrorizado”, atiras Romney para as trevas exteriores da “barbárie”. Romney, em quem votarão hoje metade dos eleitores americanos. A democracia é mesmo o pior dos sistemas (exceptuando todos os outros).

PP

Compro

Dois bilhetes para os One Direction para Maio ( “esgotaram” em 24h) . Ter adolescentes abespinhadas  em casa  até lá é mais do que o que  um terapeuta aguenta.

 

FNV

Sociologia de chupeta (II)

Isto. Meter o aborto ao barulho mostra que não aprendemos nada.

As políticas de incentivo à família, que não existiram,  não têm nada  a ver com a higienização  do aborto que sempre existiu. Quem podia pagar  400 euros por uma creche também os podia dar por um aborto ilegal numa clínica deluxe. Deve ser isto o mais longe que vai a sociologia da chupeta.

FNV

Sociologia de chupeta

A natalidade  tem diminuído de forma constante  nos últimos trinta anos, Ora bem deixa cá ver: os anos  do cavaquismo em que choviam milhões da CEE, os noventas  de Guterres e, depois, os primeiros da moeda única em que, nas palavras de Manuel Maria Carrilho , “ajudámos  a Alemanha a crescer porque nos  fartámos de comprar BMW’s,  Audis e Golf’s” . Bem sei que o  Stavka manda dizer que “acima das possibilidades” só viveram os CEO’s e os banqueiros, mas suspeito que Carrilho alargou  o espectro. Seja como for, as ricas e os ricos  também só queriam um filho e isto se houvesse uma  nanny ucraniana ou brasileira  de seios fartos , tempo livre e fome de trabalho.

Nos tempos  do  Mar Salgado, quando escrevia sobre o assunto, era arrumado na “direita marialva que tratava as mulheres como éguas parideiras”. Uma personagem dos blogues, a versão feminina do Zeferino das Lamelas, acrescentava, jactante:  “E qual é o problema? Os imigrantes  terão criancinhas. Estão preocupados com  a raça portuguesa , é?” . Os governos modernaços , excepto o último de Sócrates ( que percebeu, tarde, mas percebeu o perigo) estiveram sempre  nas tintas para a protecção da família.  A Igreja ignorou com amor  a violência exercida sobre as mulheres, preferindo usar o púlpito e os microfones para a politiquice.

Como sempre, a realidade cai-nos em cima. Nós é que vamos  ter criancinhas lá fora. Cá dentro  não haverá pessoas humanas ( o que gosto deste termo da poesia de alguidar) para sustentar as pessoas humanas mais velhas. Ora, o que leio agora nas resmas de papel almaço dos palúrdios ? A culpa é da crise, do neoliberalismo e da Merckel.

Como não haveriam de dominar as escolas de sociologia? Têm sempre razão.

FNV

Pagar as dividazinhas e não viver acima das possibilidades.

Isto é que era preciso. Não nos falta muito.

Luis M. Jorge

Obamanias.

Pedro, vamos recapitular: tu escreveste um post para corrigir ou objectar ao meu. Infelizmente corrigiste coisas que estavam certas e objectaste a outras que eu não tinha escrito.

Eu não defendi o legado de Obama, mas sim o seu projecto político, que avaliei em comparação com o projecto político de Romney. Por acaso Obama tem um legado e até aprovou uma reforma da Saúde, como já reconheceste a contragosto devido à pressão mediática da esquerda. Só que o osso é este: Romney está contra.

Ora, o facto de ignorares os projectos políticos da eleição que hoje ocorre apenas comprova que a escolha te desagrada — daí teres dissertado sobre Bush e os bons velhos tempos das virtudes teologais. Mas, se me querias corrigir podias ao menos debater o que escrevi em vez do que te dava jeito que eu tivesse escrito.

 

Luis M. Jorge*

*Não é verdade, não passo as noites a retorquir ao Pedro. Chamam-se insónias.

OK, Luís

O Obamacare passou no Congresso (lapso meu), mas ainda não passou do papel. Depende agora dos estados, que terão de fazer o trabalho no terreno. E muita coisa pode mudar amanhã, se Romney for eleito e mudarem as maiorias nos congresso estaduais. Ou seja, mais uma vez Obama está a ser louvado pelo que prometeu e não pelo que fez. Era esse o ponto. Se Romney ganhar, como bem recordas, volta tudo à estaca zero. O grande legado de Obama? Enfim…
Citei Bush porque era o presidente republicano mais à mão. Quis dar-te essa vantagem porque Obama, o candidato da civilização, está a precisar de ajuda para vencer a barbárie. Mesmo que a ajuda inclua Bush, Clinton e o cadáver do Bin Laden.
Nem o Presidente nem o Secretário da Educação podem mexer nos programas escolares, que são uma competência dos estados. Para usar as tuas palavras, passam a vida a fazer crochet. O Bush pode dizer que o criacionismo é compatível com a evolução, coisa que também digo (e não, porra, não, o criacionismo não é só aquela história do mundo criado em sete dias), que o efeito legal dos nossos bárbaros dizeres é mais ou menos o mesmo. Com a diferença de, na altura, lhe dar alguns votos e a mim nem isso. E de hoje, entregue a América a faróis da civilização como Obama e o influentíssimo Arne, a lã para fazer crochet vir de ovelhas lésbicas.
Não desvalorizei o apoio dos bilionários a Romney (by the way, no teu link contam-se 62 que apoiam Obama e 158 que apoiam Romney; nada mau para o Mr. “empatia com a classe média”, hã?). Se há coisa que não desvalorizo é um bilionário, quanto mais 158. O que disse é que o apoio a Romney está muito longe de se limitar a bilionários, racistas e outros inimigos do género humano. No momento em que trocamos declarações de voto, Obama e Romney estão empatados nas sondagens. Fifty-fifty. Se os fifty de Romney são todos bilionários, então levem-me já para a América que até eu voto no Obama.

PP

António Arnaut, o Expresso e a minha crise conjugal

Começou nos blogues e acabou  numa coluna de opinião  do Expresso desta semana:  o escritório de advogados A.Arnaut &  Assoc.  celebrou por ajuste  directo  um contrato de prestação de serviços jurídicos com a  Escola Superior de Enfermagem de Coimbra no valor de 40.000 euros,  com a vigência de três anos. No dizer dos foliculários, isto é espantoso porque o dr. Arnaut é o campeão do SNS .

A relação entre a defesa do SNS e um contrato com uma escola com autonomia financeira  e administrativa ? Podem não intuir rapidamente,  o que vos afasta da inteligência homicida  que resbuna como gato enroscado no cérebro dos panfletistas, mas não é esse o osso.

Acontece que  é a minha mulher  que faz a maior parte desse trabalho. E aqui começa a crise conjugal. Estou farto de lhe dizer que em Lisboa as avenças com instituições   públicas  costumam ter seis zeros depois do algarismo principal, que pouco mais de mil euros/mês  ( partilhados!) é uma vergonha e que assim não temos futuro. Ela defende-se dizendo que trabalha num pequeno escritório de província, tutelado por um beirão socialista  à moda antiga avesso a  negociatas.

Esta polémica recente  agravou a crise conjugal. Disse-lhe que ou ela vai para Lisboa trabalhar com os advogados  liberais ( muitos colaboram ou colaboraram com o Expresso) que sabem reconhecer o talento quando se trata de celebrar avenças com o Estado,  ou então vou  dormir para o sofá.

Não morro à fome, até  porque cá em casa quem usa o avental sou eu ( as mulheres de hoje só sabem fazer scones).

FNV

Eu é que lamento, Pedro.

Em primeiro lugar lamento a má informação: ao contrário do que escreves, a reforma da Saúde de Obama foi aprovada no Congresso em Março de 2010. Nessa mesma altura, aliás, Romney comprometeu-se a anular e a substituir a reforma de Obama e a sua agenda liberal.

Em segundo lugar, lamento que me tenhas treslido: eu não cotejei o mandato de Bush (que obsessão) com o de Obama. Estava a falar de propostas políticas. E, embora reconheça que a América de Obama tem mais equidade fiscal, se eu quisesse proceder a uma comparação rigorosa entre a presidência de Bush e a presidência de Obama teria de avaliar, ao contrário do que fazes, a economia que o primeiro herdou de Clinton com aquela que o segundo herdou de Bush. Não me parece que gostasses.

Em terceiro lugar, a América tem um ministro da educação que se chamava Arne Duncan quando consultei a internet há alguns minutos. Suponho que não passe os dias a fazer crochet. Quanto ao criacionismo, o Presidente tem certamente o poder de influenciar as opções pedagógicas da nação: George W. Bush, por exemplo (tu é que começaste) advogou o ensino do criacionismo nas escolas afirmando que era compatível com a evolução.

Em quarto lugar, lamento que desvalorizes o apoio dos bilionários à campanha de Romney. Aqui está uma lista dos donativos concedidos entre o ranking da Forbes, e um resumo das suas implicações fiscais.

Em quinto lugar, não me surpreende que os fanáticos do Tea Party tenham festejado na rua a execução de Bin Laden. Deve ser por isso que votam em Romney.

Luis M. Jorge

Lamento, mas…

A América de Obama pode ter mais equidade fiscal do que a América de Bush, mas também tem mais desempregados.
A América de Obama não tem um sistema nacional de saúde:a reforma não passou no Congresso. Mas parece que Romney conseguiu uma coisa parecida no Massachusets.
A América de Obama não acabou com as escolas onde se ensina “teologia” em vez de “ciência” (whatever that means) porque não há programas nacionais. Cada estado tem o seu e há estados onde o criacionismo continua a ser ensinado a par da evolução, para não falar nos milhões de criancinhas em sistema de homeschooling. Obama não mudou nada – nem podia.
Os fanáticos religiosos, homofóbicos e racistas votaram contra Romney nas primárias republicanas. Chamam-lhes Tea Party (sim, uma generalização injusta) e é pouco provável que haja bilionários entre eles. Ah, e festejaram na rua quando Obama executou Bin Laden sem direito a julgamento. Suponho que para distinguir entre civilização e barbárie.

PP

Relvas azuis

Amigos, amigos, negócios incluídos,  sendo justo dizer que o colonato já é antigo.

Ou:

“Um dia vou escrever sobre o jornalismo que é feito na RTP/Porto, mas hoje quero só recordar a peça que passou na hora do almoço de domingo sobre uma “vitória épica” do Porto contra o Dínamo de Kiev. Uma peça longa, longuíssima, carregada de adjectivos e sem qualquer justificação editorial. A peça sobre os estragos do temporal na grande Lisboa, por exemplo, apareceu muito depois. A peça da vitória do Porto e todo o historial vâssalo sobre isso tem o interesse de uma dor de dentes”.

Aqui

FNV

Uma questão de higiene.

Amanhã a América escolhe. A América escolhe se quer continuar a ter impostos mais baixos para os ricos do que para os pobres. A América escolhe se quer ter algo que se aproxime de um sistema nacional de saúde ou apenas a saúde de quem a pode pagar . A América escolhe se quer ter escolas em que se ensina ciência ou teologia. A América escolhe se quer ter um Presidente apoiado por fanáticos religiosos, homofóbicos, bilionários e racistas ou se quer ter um Presidente que veio da classe média e empatiza, pelo menos um pouco, com as suas  aspirações. Para a direita blasée isto pode não parecer uma alternativa. Para mim, é a diferença entre uma espécie de civilização e uma espécie de barbárie. Espero que Obama ganhe, ficarei horrorizado se Obama perder. Ele não é perfeito? Era o que mais nos faltava.

Luis M. Jorge

 

Deus queira Obama

Alegria a rodos se Obama ganhar. Tipo  cheio de classe e de  politesse burguesa, enquanto  tiver o dinheiro dos chineses é como o  outro…

 E os EUA poderão continuar a ser o que sempre têm sido  e   com o rechinar embevecido  da  esquerda europeia.

FNV

Nacionalismos e contradições


A Catalunha é hoje um exemplo das contradições que atravessam alguns nacionalismos europeus, exemplo que se estende ao Norte de Itália e à Flandres. Um dos argumentos invocados por estas regiões em favor da independência é o de que pagam mais impostos ao Estado central do que o retorno que recebem. O que vem a ser o que dizem os países do norte da Europa, com a Alemanha à frente, para impor a famosa austeridade aos países do sul. Satisfazer as reivindicações catalãs, flamengas ou lombardas, que curiosamente se apoiam no ideal federalista, é dar razão aos alemães que não querem pagar mais por uma Europa unida.
Um problema político que exige a quadratura do círculo. Sou favorável ao princípio de autodeterminação dos povos, como se dizia no século XIX (e em boa parte do século XX). Mas se Barcelona ou Milão não querem os seus impostos gastos na Andaluzia ou na Sicília, como é que pedimos exactamente isso a Berlim?

PP

Têm o que merecem

Um bom exemplo do que  o Público é  hoje: um texto envenenado, diz o Eduardo. Eu digo que é o triunfo da escola São José de Almeida/ Paulo Moura/ Prado  Coelho: nunca se sabe se estamos a ler um comunicado do BE, do Zizek , do Hamas,  ou uma notícia.

Que nem a literatura  escape não é surpresa nenhuma, antes pelo contrário.

FNV

O castor e os testículos

A fábula é contada por Gramsci nos Quaderni: um castor, perseguido por caçadores interessados  nos poderes afrodisíacos dos seus testículos , corta os ditos com os dentes para poder escapar com vida.

Ora  entendamo-nos. Se até  eu, que não sou economista,  compreendo que isto é impossível de suportar, é óbvio que alguma coisa muito interessante terá de acontecer. Dominando o pensamento mágico, posso estar errado,  mas não julgo ser possível a tal máquina de fazer notas.

Nunca acreditamos nas coisas até elas acontecerem. E o  que vai acontecer será muito interessante porque contradirá um dado adquirido.  Se bem se recordam,  estava resolvido o problema da satisfação das necessidades básicas: saúde, habitação, escola, comida. Regressando ao problema de partida, regressaremos à busca de soluções. E não será bonito.

Será preciso cortar os próprios testículos? Talvez.

FNV

Justiça ao quilo

Vi  e está gravado, não haverá lugar para o famoso ” deturparam as minhas palavras”. Quanto vale  a isenção de um juiz? Mil? Dois mil ? Trezentos? Com IVA ou sem IVA?

Suponho que   a demissão segue dentro de momentos.

FNV

A manivela.

Na semana passada Mário Soares declarou com a singeleza do costume que “basta dar à manivela das notas e pôr o Banco Central Europeu a fabricar euros para tudo se resolver”. O país responsável e realista que corta subsídios e aumenta impostos e agora quer tirar 4 mil milhões de euros a crianças e doentes glosou a boutade entre gargalhadas alarves, sugerindo  que o homem estava cheché. Mas Soares não é Cavaco Silva.

Entra Paul Krugman:

“Muitos europeus em posições-chave – sobretudo políticos e dirigentes na Alemanha, mas também as lideranças do Banco Central Europeu e líderes de opinião espalhados pelo mundo das finanças e da banca – estão profundamente comprometidos com a Grande Ilusão e nada consegue abalá-los por mais provas que haja em contrário. Em consequência disso, o problema de responder à crise é muitas vezes formulado em termos morais: as nações estão com problemas porque pecaram e devem redimir-se por via do sofrimento”. Ora é esta exactamente a história que nos conta o governo e que é, segundo Paul Krugman, “um caminho muito mau para se abordar os problemas que a Europa enfrenta”.

(…)  Imagine-se que o BCE seguia uma política de dinheiro fácil enquanto o governo alemão se empenhava no estímulo orçamental; isto iria implicar pleno emprego na Alemanha mesmo que a alta taxa de desemprego persistisse em Espanha. Os salários espanhóis não iriam subir muito, se é que chegavam a subir, ao passo que os salários alemães iriam subir muito; os custos espanhóis iriam assim manter-se nivelados, ao passo que os custos alemães subiriam. E para a Espanha seria um ajustamento relativamente fácil de fazer: não seria fácil, seria relativamente fácil”.

Isto, com palavras singelas e alguma simplificação, significa uma coisa: dar à manivela. Agora riam muito, vá.

Luis M. Jorge

Quem vai a jogo?

Combinemos  a reguada de Krugman ( disse há uns meses que os salários dos países do Sul teriam de baixar 30%, ainda que agora  tenha mudado discretamente  de opinião )  com o aviso de Merckel mais  cinco anos da receita – e com um parágrafo de JPP, comentador/actor/historiador dos últimos vinte anos:

No dia seguinte, aparece mais uma absurda proposta, uma manipulação da opinião, uma afronta colectiva, uma incompetência gritante, uma selvajaria social, e, pior que tudo, um abuso de poder. E esta constância do mal e da asneira é em si mesma um problema diferente, porque não só funciona como um fortíssimo irritante social – parece que o Governo deseja uma qualquer sublevação -, como faz aquilo que começou como uma política errada, incompetente e sem sentido, transformar-se numa dissolução da democracia e das liberdades. E isso é outro “campeonato”, outra história. É o abuso do poder que me parece hoje mais preocupante porque se está neste momento a tocar na liberdade, a tirar a todos, indivíduos, sociedade, nação, as liberdades escassas, mas reais, que temos desde os dois 25, o de Abril e o de Novembro”.

Então cabe perguntar o  que vai este povo fazer.   Delegar  num punhado de mimalhos a estelífera  tarefa de mostar o rabo em frente da Assembleia da República,  para alegria do sitema-especáculo mediático?  Governos de iniciativa presidencial   à Nobre da Costa? Cantar Lopes  Graça no metro? Convocar a duocentésima arruada de indignados? Rapar o cabelo à Isabel Jonet  e defenestrar o Borges em sonhos ?

Só  existimos  quando  combatemos a realidade ( numa versão popular, mudar e decidir ). Na doença. no luto, na política, na fé,  no amor. O combate à realidade  é o que nos afasta dos últimos homens de Hesíodo, é a única condição do antidestino.

Pois, mas para isso  é preciso estar disposto a  perder muita coisa.

FNV

À mesa com a poupança

Aqui, a propósito do dia mundial da poupança.

Quem sempre poupou ( sim, há gente que nunca entrou no Eleven nem provou  presunto 5J) não precisa de ler: já não terá mais onde poupar.

Quem tem de aprender, pois que aprenda, não é vergonha nenhuma.

 

FNV

A suivre (2)

“The union of Tunisian imams on Friday accused the ruling Ennahda party of failing to stop Salafi violence and called for Minister of Religious Affairs Noureddine Khademi to resign. The imams accuse the government of allowing a process of religious radicalization throughout the country, spearheaded by violent Salafi attacks including sometimes fatal arson and firebombing attacks on mosques, hotels and bars that sell liquor, art galleries and union offices. The imams are the latest addition in a long series of protests by artists, representatives of the Constituent Assembly, unions and civil society against this rising tide of fundamentalist violence, which they say is part of a government plan to create a theocracy in Tunisia.

Among the imam’s complaints, is the fact that at least 100 of the country’s 6,000 mosques have become de facto Salafi lairs that are off-limits to police, where they hide wanted criminals and stockpile weapons such as swords, machetes, and Molotovs”.

 

Aqui.

 

FNV

A suivre:

“The archbishops of Canterbury have been at the center of English history. Their clashes with the reigning monarchs in attempting to preserve the primacy of the church are legendary. In the 12th century, Henry II prompted the murder of Thomas Becket in the church itself and Thomas Cranmer, who helped build a case for Henry VIII’s divorce from Catherine of Aragon, was executed in the 16th century, but not before he compiled the English Book of Common Prayer. Balanced against this, however, have been the many occasions when the church has reached across sectarian lines to embrace those of other faiths.

Given this storied history of the position of the archbishop of Canterbury and his standing in British culture, it is significant that Archbishop Rowan Williams’ final public event would promote interfaith dialogue between the Christian and Muslim faiths. Special significance was given to Christian-Muslim understanding in Pakistan, and I had been asked to deliver the keynote address in the afternoon session”.

Aqui.

 

FNV

Ai aguentam, aguentam.

Merkel pede outros cinco anos de austeridade. Os meus amigos julgavam que íamos continuar no bem-bom? Que as facilidades e as mordomias duravam para sempre? Não senhor. Na função pública ainda há quem receba ordenado. No sector privado persistem contratos sem termo e parasitas que se locupletam com senhas de refeição. As velhinhas não morrem, as crianças não trabalham, o Lidl e o Mini Preço abarrotam de burgueses. Em cada Verão milhares de famílias rumam à Costa da Caparica e devoram caracóis. Apesar dos apelos à frugalidade, uma multidão de consumistas ainda viaja de autocarro.

Anotastes num caderninho as dicas de poupança que vos concedemos neste blogue? Tendes lido os apelos do José Manuel Fernandes ao arrependimento e à mortificação? Não precisais de responder. Hoje é sábado, e mais uma vez dissipareis dez ou doze euros num restaurante — sim, um restaurante! — mais uma vez ides gracejar e consumir álcool e cometer a cópula servindo o vosso egoísmo, em vez de servirdes o país.

Mas o que são, afinal, cinco anos? Temos o sol, temos o clima, temos o Expresso e o Blasfémias, temos o Crespo sempre compungido, temos Relvas e Cavaco, temos José Maria Ricciardi e Dias Loureiro, temos um ror de bons exemplos e as sete maravilhas da portugalidade e a língua que é a nossa Pátria e pastéis de nata e sapatos e ordem nas ruas e a Nossa Senhora a velar nas estrelas. Quem tem tudo isto, não precisa de dinheiro.

Luis M. Jorge

A Trombeta da Luz (VI)

1) Ao Zebording  já só falta um Sardinha. Ficariam com o Godinho  do Farinha, a Sardinha  do Godinho, o Sardinha da  Farinha do Godinho…

2) Pois não pode. Tem de ser avaliado pelos dois  últimos títulos que perdeu: contra um miúdo vindo da Académica e contra o ex-adjunto do dito miúdo. Isto não está ao alcance de  um qualquer  quer  dizer não é verdade venha o FMI porra que nos livre deste gajo?

3) O Fóculporto  apresentou nos últimos  seis anos  três avançados ( Lisandro, Falcão e Jackson),   qualquer deles  1000x melhor do que o tractor  a pedal, que já nem na selecção do Paraguai tem lugar. Como a osga marca penalties e acerta de vez em quando numa das mil bolas que os alas lhe enviam, os entendidos  dizem que ele é um  matador. É matador sim, da esperança  de sermos campeões ou de algum clube interessado ter olheiros vesgos,  o que infelizmente não aconteceu: mais depressa vendemos o Eusébio para o Anzhi do que o tractor a pedal  para os paraolímpicos do Daguestão.

FNV

Com as etiquetas

Retrato de um pancrácio

Mais um bom texto de Ricardo Lima, desta vez sobre Marques Mendes. Resta acrescentar ao retrato do untuoso  personagem a nota aparelhística.

MM, durante o tempo em que foi procônsul de  Cavaco para o circuito da carne assada,  salientou-se pela única habilidade que conhece: o telefonemazinho, o pedidozinho, a colocaçãozinha  deste nas Àguas, daquele no  IEFP,  daqueloutro no IPJ, tudo bem regado com a correspondente fidelidade a retribuir  nos dias que se seguissem.

Este campeão das cunhas e do cultuar do aparelho foi depois entronizado por Pacheco Pereira  na disputa com Meneses : ” um lídimo  herdeiro do  justo PSD, da burguesia tradicional do  norte” e outras patacoadas, porque  JPP seguiu  a velha regra “do inimigo do meu inimigo  meu amigo é”.

FNV

Os talhantes


Há dias, José Maria Ricciardi, Presidente do BESI, explicava na televisão o seu já célebre telefonema ao Primeiro-Ministro. Que os alemães andavam a rondar a privatização da EDP, e ele só ligara para saber se havia alteração das regras, nada de mais, toda a gente faz isto mas ninguém me passa a perna, e os chineses contrataram-me para estar em cima da jogada, e estavam à espera de quê, e qual é o mal.
Nem o mais vago pudor, nem a mais leve dúvida, nem o mais tímido problema de consciência.
A naturalidade com que os nossos capitalistas exibem este acesso privilegiado ao poder, mistura de fatalismo cósmico e orgulho de casta, é talvez o melhor retrato do regime. Há quem lhe chame economia de mercado. Mas quando Adam Smith se referia ao interesse do talhante do qual devemos esperar o almoço, não era bem isto o que tinha em mente.

PP

Inimigo do povo

O bastonário da Ordem dos Médicos andava muito preocupado  com a ética e fazia alusões a Ceausescu.  Tenho seguido o caso deste parecer que foi feito sem a observação/entrevista clínica ao sujeito.

Aguardemos então.

FNV