Monthly Archives: Agosto 2013

SLB, quem não sabe é como quem não vê

Neste momento,  se usasse  telemóvel veriam: estou com uma camisola do Glorioso, assinada pelo Rui Costa para mim e para o meu filho ( que hoje não pode ver o jogo comigo) , entregue pelo Nuno Gomes. As fêmeas da casa ( mulher, filha, e boxer ) olham-me de soslaio.

Como diz o farmacêutico de uma das minhas tertúlias ( à porta da farmácia, claro)  imprevistas, sou da extrema-direita do Benfica.

Adenda: esta magnífica exibição  de futebol ligado e coeso, mais uma, com um génio que vai na 5ª época no clube,e depois de  100  milhões gastos,  foi dedicada aos cúmplices da dupla Vieira-Jesus  nos blogues e nos jornais  e que se dizem  benfiquistas. Ao Jesus e ao Vieira nada tenho  a dizer porque não me ocupo de sócios e adeptos do FCP, do Alverca e do Sporting.

FNV

Imperdível

A entrevista de Sampaio da Nóvoa, hoje, no Expresso.

“Viver melhor com menos”  e “não temos  licenciados a mais”. A inteligência à esquerda, sem cânticos  grunhos de claque nem palavreado inconsequente.

Um luxo, um prazer.

FNV

Que tristeza

Ter de concordar com isto, quando o nosso  treinador vai na quinta época.

Enfim, valha-nos que amanhã espetamos  3 ao jardim-escola.

FNV.

Seamus Heaney (1939-2013)

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I.
I’m writing just after an encounter
With an English journalist in search of ‘views
On the Irish thing’. I’m back in winter
Quarters where bad news is no longer news,

Where media-men and stringers sniff and point,
Where zoom lenses, recorders and coiled leads
Litter the hotels. The times are out of joint
But I incline as much to rosary beads

As to the jottings and analyses
Of politicians and newspapermen
Who’ve scribbled down the long campaign from gas
And protest to gelignite and Sten,

Who proved upon their pulses ‘escalate’,
‘Backlash’ and ‘crack down’, ‘the provisional wing’,
‘Polarization’ and ‘long-standing hate’.
Yet I live here, I live here too, I sing,

Expertly civil-tongued with civil neighbours
On the high wires of first wireless reports,
Sucking the fake taste, the stony flavours
Of those sanctioned, old, elaborate retorts:

‘Oh, it’s disgraceful, surely, I agree.’
‘Where’s it going to end?’ ‘It’s getting worse.’
‘They’re murderers.’ ‘Internment, understandably …’
The ‘voice of sanity’ is getting hoarse.

III.
“Religion’s never mentioned here”, of course.
“You know them by their eyes,” and hold your tongue.
“One side’s as bad as the other,” never worse.
Christ, it’s near time that some small leak was sprung

In the great dykes the Dutchman made
To dam the dangerous tide that followed Seamus.
Yet for all this art and sedentary trade
I am incapable. The famous

Northern reticence, the tight gag of place
And times: yes, yes. Of the “wee six” I sing
Where to be saved you only must save face
And whatever you say, you say nothing.

Smoke-signals are loud-mouthed compared with us:
Manoeuvrings to find out name and school,
Subtle discrimination by addresses
With hardly an exception to the rule

That Norman, Ken and Sidney signalled Prod
And Seamus (call me Sean) was sure-fire Pape.
O land of password, handgrip, wink and nod,
Of open minds as open as a trap,
Where tongues lie coiled, as under flames lie wicks,
Where half of us, as in a wooden horse Were cabin’d and confined like wily Greeks,
Besieged within the siege, whispering morse.

(Whatever you say, say nothing, 1975)

PP

Anestesia.

Se o enredo dos fogos florestais se repete anos após ano, não recordo outro Verão em que tantos bombeiros tenham morrido calcinados. Há pouco tempo (bem pouco) haveria levantamentos nos media e motins entre potestades partidárias. Agora não. Escutam-se graciosamente ministros e papagueiam-se uns relambórios compungidos em solidariedade com “os soldados da paz”. Ou seja, precisamos da direita na oposição.

Luis M. Jorge

Contratempo ( VII)

Desde que me lembro ( início dos anos 80) de prestar atenção aos assuntos da  comunidade, o meu país discute os fogos. São decénios de diagnósticos de calamidade, soluções e…fogos.

Concluo, portanto, que os fogos são parte integrante da vida nacional e faz tanto sentido  querer extingui-los como  alargar as fronteiras.

FNV

Fogo e silêncio

Em férias, com tempo e vagar, leio o último de Herberto Hélder. Sou um herbertiano reticente: aquela experimentação verbal no limite da inteligibilidade, que faz dele o melhor da sua geração, nem sempre me toca por dentro. Mas até um sophiano-beliano como eu é obrigado a reconhecer-lhe o dom de intuições fulgurantes e a render-se a versos como estes:

quero criar uma língua tão restrita que só eu saiba,
e falar nela de tudo o que não faz sentido
nem se pode traduzir no pânico de outras línguas,
e estes livros, estas flores, quem me dera tocá-los numa vertigem
como quem fabrica uma festa, um teorema, um absurdo,
ah, um poema feito sobretudo de fogo forte e silêncio

É isto: fogo forte e silêncio. A poesia, a vida, o amor, as coisas essenciais. O fogo que nasce das “presenças reais” de que falava Steiner e o silêncio da nossa fragilidade. Na aliteração, há ecos de Camões (“vi claramente visto o lume vivo”). Nas sibilantes, a natureza fugaz das palavras que se perdem. Quanto ao resto, a experimentação verbal etc., admiro os que escrevem antes de mais nada para si próprios – “quero criar uma língua tão restrita que só eu saiba…” -, impelidos por uma necessidade interior (o fogo) sem a qual a verdadeira criação não existe (o silêncio). São os que sobrevivem ao tempo.

PP

Diário de um cínico

Breaking news: o Parlamento inglês chumbou, por treze votos, os planos de Cameron para uma intervenção militar na Síria. Cinquenta tories e lib-dem votaram ao lado dos trabalhistas. Dizem as más línguas que Milliband prometeu apoiar o Governo e mudou de opinião à última hora, exigindo mais provas do uso de armas químicas por Assad e o maior envolvimento da ONU. Minutos depois da votação, Cameron declarava que a participação britãnica num possível ataque está completamente posta de parte e que tinha compreendido a mensagem dos representantes povo. Talvez a palavrinha “povo” explique a rapidez de Cameron: os súbditos de Sua Majestade, que supoortaram o esforço de guerra no Iraque e no Afeganistão mais do que qualquer outro país europeu, são hoje fortemente “antiwar”.
É claro que isto enfraquece Obama. O Presidente americano já não pode recuar no prometido castigo a Assad, sob pena de perder a face, mas tudo indica que irá avançar sozinho – ou apenas com o apoio da França. O que não deixa de ser uma curiosa ironia. A França, que com um Presidente de direita (Chirac) não acompanhou Bush no Iraque, acompanha Obama na Síria com um Presidente socialista.
Entretanto, o governo interino egípcio recuou no propósito de ilegalizar a Irmandade Islâmica, uma decisão de elementar bom senso. Mas o problema agora é outro: se a Irmandade, ou um sucedãneo, ganhar as próximas eleições, o que fará o exército? Novo golpe?

PP

O que eu gosto desta mulher

Ofende a democracia, ó deputado  Rêgo? Não estará o Exmo deputado a   confundir com o Capelo Rego, o Jacinto?

FNV

Exacto

A Helena Matos recorda outras contratações. Conheço razoavelmente o assunto, porque um amigo meu, foi , em tempos, empresário destes ajustes com as autarquias. Até já contei ( aqui ou noutro lado), como me engasguei com uma cerveja enquanto ele ia desfiando a pipa de massa que as autarquias gastavam para providenciar as festarolas.

FNV

Betocchi/João Lúcio

Pasolini, o pazzo, admirava-o. Um  hermético nascido em Turim, 1899. Apresentemos-lhe João Lúcio ( já por aqui andou), que Pascoaes considerava o único do seu tempo á sua altura. Críptico e abstracto, um hermético palavroso, mas exigente.

Betocchi ( Poesie, 1955): o avançar do céu sobre a parede destruída. Magnífico:

Non è vero che hanno distrutto

le case, non è vero:

solo è vero in quel muro diruto

l’avanzarsi del cielo.

João Lúcio  (Na  Asa do Sonho 1913)  usa a síntese em cima da navalha  arrebatada. Final belíssimo:

Na tristeza da noite, sacudida

P’lo soluço do vento amargurado,

Fana a lua de cera, emurchecida,

Como a flor dum ramo mutilado

FNV

As mulheres dos lagartos depois do derby

( as crianças podem ver: não há nada que não esteja numa novela qualquer)

 

FNV

Da espada

O que é resistir, no Depressão Colectiva.

FNV

Recordar o TGV.

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“Remember the Great Horse-Manure crisis of 1894 when the Times predicted the streets of London (and New York) woud be nine feet deep in the stuff early in the next century. That is the danger in extrapolating rail capacity usage. By 1912 there were more cars than horses on the streets in New York.”

Em comentário a este artigo do Financial Times sobre a construção de mais uma linha de alta velocidade, agora em Inglaterra.

Luis M. Jorge

A novidade velha

O regresso da heroína. Já tinha falado dela há um ano ( e já era reciclagem de texto antigo), só não via quem não queria ( não estuda, não lê etc)

FNV

Apaga-me esse fogo

Les Halles, 1985, Mark Steinmetz

FNV

Bem lembrado.

Paulo Portas, em Agosto de 2010:

O líder do CDS-PP acusa o Estado de não ser «sequer capaz de tratar, limpar e ordenar as matas que são do Estado e que andam ao Deus dará», aconselhando o Governo a «corar de vergonha ao falar em floresta».(…) «O Estado é o empresário agrícola mais incompetente de todos. Olhem, por exemplo, para o descalabro económico na Companhia das Lezírias», acusou, sublinhando, por outro lado, que “o Governo não foi sequer capaz de fazer o cadastro florestal, competência que, essa sim, é pública”.

Paulo Portas, em Agosto de 2013:

Paulo Portas, agora número dois de Pedro Passos Coelho, entrou de férias na quarta-feira, depois de ter assumido a liderança do Governo (…) As miniférias de Paulo Portas são de apenas três dias e o Correio da Manhã sabe que foi aconselhado pelos mais próximos a fazer uma pausa, uma vez que “estava a dar sinais de muito cansaço” e terá sido pressionado a parar para descansarEste ano, Portas foi para fora do País, ao contrário do que fez no ano passado, onde esteve no Algarve e a praticar aulas de windsurf.

Tem sido assim na educação, na saúde, nos fogos, no desemprego, na liberdade de imprensa, em quase tudo. Será interessante observar as indignações da direita nos próximos governos socialistas. E reparem, já agora, no fretezinho do Correio da Manhã, a “contextualizar” o repouso do seu líder.

Via Câmara Corporativa, em modo sweet revenge.

Luis M. Jorge

Moby Dick.

Methinks that in looking at things spiritual, we are too much like oysters observing the sun through the water, and thinking that thick water the thinnest of air.

Luis M. Jorge

Tubububtuturub

 

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FNV

Vector

( daqui)

 

FNV

Invejosos

Por este andar, a legislatura não acaba sem vermos uma mostra de Joana Vasconcelos no aterro do Flamengo. O ominoso SNI não faria melhor”.

Eu e o Eduardo.  Cá na terrinha é assim: se  não gostas de um artista popular, és invejoso.

FNV

Mortes instrumentais.

O Filipe e o Pedro angustiam-se com o uso retórico da morte de António Borges. Se bem os percebo, será indigno retirar proveitos políticos do padecimento do homem. Tenho uma opinião diferente.

António Borges morreu de um cancro diagnosticado em 2010. Nestes três anos podia ter procurado o abrigo de um remanso higienizado, mas escolheu fazer carreira pública e ocupar cargos institucionais. Entregou o peito às balas, originou polémicas, distribuiu e recebeu pancada com abandono e alacridade.

Como não era parvo, sabia exactamente o que o esperava e optou por aquilo que o esperava. Mal de nós se tivéssemos de tratar a pinças a memória de alguém que decide largar este mundo com as botas calçadas.

Luis M. Jorge

Diário de um cínico

É difícil não ver no uso de armas químicas por Assad um desafio à comunidade internacional e, muito em especial, ao Presidente americano, que há um ano as classificou como “a linha vermelha” que não podia ser ultrapassada na guerra civil síria. Assad está a ganhar, ninguém em seu perfeito juízo quer pôr armas ou meios nas mãos dos rebeldes amigos da Al Qaeda e uma intervenção ocidental é mais do que improvável. A Síria não é a Líbia nem o Mali. Depois do Afeganistão e do Iraque, nenhuma opinião pública do mundo desenvolvido suportaria novo atoleiro no Médio Oriente. Obama, Cameron, Hollande sabem isso – e Assad também. Tal como no Egipto, pouco mais podemos fazer do que assistir ao horror.
Essa é talvez a consequência mais perversa do pós-11 de Setembro. Ao contrário do que nos prometeu Bush (e não vale a pena bater mais no ceguinho), o Ocidente está hoje mais fraco. A sua influência na região diminuiu, mesmo em países onde era importante como a Arábia Saudita, financiadora dos generais egípcios, ou a Turquia, apoiante de Morsi e adversária de Assad.
Engana-se quem pensa que isto se passa muito longe. Além da emigração que chega à Europa, a Turquia, com os seus 80 milhões de habitantes e um regime cada vez mais instável, continua às portas da UE. Nada nos diz que não venha a entrar num futuro próximo.

PP

António Borges (1949-2013)

Morreu um dos bons. A direita vai usá-lo como flor na lapela e a esquerda vai atacá-lo para atacar a direita. E, no entanto, Borges foi muito mais do que o economista “brilhante”, “inteligentíssimo”, “frontal”, ou “liberal”, “insensível”, “austeritário” de que todos falarão durante um dia. Em tempos de pigmeus umbiguistas, à direita e à esquerda, foi um homem sinceramente preocupado com o futuro do país. Isso basta-me para lamentar a sua morte.

PP

Olha

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autor

 

FNV

Bicos dos bicos pés

Como nenhum dos seu  alvos habituais (  bloggers, colunistas etc)  disse ou escreveu  o que quer que  fosse, Vítor Cunha usa a caixa de comentários de um jornal para justificar  o que assinou.

Se eu estivesse num blogue colectivo onde um dia aparecesse uma coisa destas,  esse era o meu último dia nesse blogue.

FNV