Depois de muitos textos ( revistas e blogues) e um livro ( graças ao financiamento da FCT), fui desistindo de chover no molhado. Nunca consegui interessar um jornal para uma série de artigos sobre o assunto ( colaborei com o Público e com o “i”, mas noutras áreas) . O Expresso, por exemplo, só está interessado em publicar as banalidades proibicionistas de Pinto Coelho. Duvido que consiga cativar uma editora ( fiz uns contactos exploratórios na altura da minha ligação à Bertrand/Quetzal, mas debalde). Este ano ainda tentei um blogue, mas quase só tinha os leitores que vinham via Corta-Fitas e nenhum debate nem contraditório.
A maior apreensão de heroína dos últimos quinze anos, e esta, já de outra dimensão, na qual, segundo o Correio da Manhã, estava envolvido um português de nome Ferreira Marques, que seria o retalhista.
Um das coisas fascinantes na História proibicionista ( porque há outra) das drogas é a sua capacidade de adaptação. Quando os turcos deixaram de fornecer os sicilianos que alimentavam a French Connection marselhesa( a bem dizer, siciliana) , imediatamente a Birmânia se chegou à frente. Quando, nos anos 80, os EUA ( cheios de má consciência), financiaram os crop erradication programs da ONU na Birmânia, logo os americanos ( incrível, não é?) se lembraram de montar uma bela operação na fronteira afegã-paquistanesa: os mujahedin anti-soviéticos pagavam as armas com pasta de ópio e o Afeganistão tornou-se o maior produtor mundial de ópio.
Portugal cabe numa categoria à parte: a de entreposto, nunca de produtor. Veremos as diferenças.
FNV