Monthly Archives: Março 2013

Minimalia ( XXXI)

Hoje, a mulher desinibida  é a que aparece  nas revistas em pose de cópula  ou  fala com coragem dos seus anqueos  sexuais.

E a  primatologia pode abrir-nos  uma nova e esperançosa aurora de desinibição.

FNV

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Pai de santo

Se a culpa  dos PEC era da crise internacional, por que motivo se lançavam aeroportos em Beja, autoestradas-fantasma ,   requalificações  escolares  luxuosas  etc? Sim, sei a resposta : porque  só investindo se saía da crise. Por isso, na altura, escrevi ( como o  JPP e outros) dezenas de vezes que o PECIV devia ter sido aprovado, mas os passistas-lusófonas-DN, sedentos da sua enorme preparação para  ingente  tarefa, viam ferreira-leitistas  ressabiados  em todo o lado.

Sócrates devia ter continuado a governar e  a investir para o crescimento. Para acabar  de vez com  o lançamento de búzios.

FNV

Ventos ( 5)

” Pareço um antisemita, eu? pergunta Karl Lueger

(Glühlichter. Humoristisch-satirisches Arbeiterblatt, December 20th, 1892. Österreichische Nationalbibliothek, Wien)

Assim se vai fazendo:

Several speakers said the demonization of Jews is both homegrown and imported. Hostility toward Jews comes from both far-left and far-right political parties, as well as radicalized immigrants from the Middle East who grow up on Arab and Muslim media infused with negative Jewish stereotypes.

O problema é que a caricatura do cristão-socialista  Lueger é de 1892, altura em que, como saberão, Israel não existia. Uma maçada.

FNV

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O bom caminho, visto dos Estados Unidos.

Krugman, num billet doux para os pobres imbecis:

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Europe in 2013 has recovered worse from its slump than Europe in 1935. Again, great work, guys.

E não está a isolar a Europa do Sul.

Luis M. Jorge

O bom caminho, visto de Portugal.

Teresa de Sousa no Público:

(…) é preciso nunca nos esquecermos que a elite portuguesa estava do lado de Castela na batalha de Aljubarrota. A elite actual, às vezes, não parece ser muito melhor. Quando José Sócrates fazia (mesmo que mal) todos os esforços que um primeiro-ministro deve fazer para evitar a intervenção externa da União Europeia e do FMI, a intelectualidade bem pensante babava-se com a perspectiva da vinda do FMI. Sócrates tinha uma pequena abertura que quis forçar, e que esteve quase a forçar, com a ajuda de Barroso e do BCE. Toda a gente que acompanhou os meses anteriores ao resgate sabe que foi assim.

(…) o resgate era a maneira mais rápida para o PSD de Passos Coelho chegar ao poder e a maneira mais fácil de pôr em prática um programa económico e social que, de outra maneira, seria inaceitável. O programa da troika era o seu programa (…).

(Via).

Luis M. Jorge

O bom caminho, visto da Alemanha.

Bernd Luke, líder de um partido político anti-euro:

“We use the completely wrong incentives for the crisis countries,” says Lucke. “We do not help them solve their problems, but pile up more debt for them and force them into a recession, which makes the situation simply unsustainable.”

“We think that the euro currently splits the European Union into two parts ー a segment of an economically unsuccessful southern part, and a more northern, or more central, European part, which currently seems to benefit from the misery of the southern European countries, because all of the capital flows back from southern Europe to Germany, and the Netherlands, and other stable countries, where it helps us to do cheap investment, but which is at the expense of those southern European countries, and which certainly is the cause for envious sentiment and angry sentiment in the southern European countries, so that the political tensions within the European Union actually rise.”

Não podia ser mais cristalino.

Luis M. Jorge

A entrevista (2).

A entrevista a José Sócrates teve o efeito positivo de inaugurar a produção de fact checkings. Como a política nacional é uma extensão do futebol, não podemos esperar grande objectividade das claques.Mas apresento aqui dois, algo contraditórios. O de José Gomes Ferreira é muito crítico para o ex-governante. O do Jornal de Negócios confirma várias das suas alegações. Devem ler-se em conjunto.

A melhor interpretação global do regresso de José Sócrates foi escrita por Pacheco Pereira. O texto, que seria mortífero para o anterior primeiro-ministro se fosse menos palavroso, está neste post da Joana Lopes. É de assinalar a qualidade miserável dos artigos de Vasco Pulido Valente e José Manuel Fernandes. O primeiro não acrescenta a sombra de um argumento ao debate. O segundo é uma pequena explosão de fel muito ao gosto do autor, que alinhou com alacridade, convém não o esquecermos, na inventona de Belém. Quanto à alusão anterior de Esther Mucznik, vagamente repugnante, deve ser nomeada para sabermos com que dignidade a inspira a memória do Holocausto.

Interessante é a observação de Fernanda Câncio. Aqui fica, com o colorido local:

coisa gira d todo este afã de fact checking do sócrates: ninguém q eu tenha reparado pôs em dúvida a afirmação sobre a conspiração d cavaco
ou seja: parece q ñ há meio de comunicação q ñ reconheça q houve 1 conspiração do pr para prejudicar 1 gov legítimo. é obra

Deve ser outra vez a “pressão mediática da esquerda”.

No que respeita aos sinais exteriores de riqueza do anterior primeiro-ministro (que não me apetece confundir com comportamentos de interesse privado, porque se manifestaram após o exercício de um cargo político) avançou-se alguma coisa. O próprio Sócrates afirmou na entrevista que “só tinha uma conta bancária”  (um belo argumento à Isaltino), que “não possuia dinheiro em off-shores” e que “pedira um empréstimo” para estudar em Paris. O mérito destas tiradas não reside na dissipação das inquietações que possamos alimentar sobre o assunto, mas na negação da tese da “herança do volfrâmio” que muito excitou as groupies do menino de oiro.

Uma versão alternativa, apresentada à plebe como quem descasca batatas, é a de Ferreira Fernandes, que compara as incursões do homem com as de um estudante de belas artes numa água-furtada do Marais. O “Correio da Manhã”, que detesto citar mas é o que há, já lhe respondeu.

Seria útil que quem defende “a social-democracia de tipo nórdico” no PS conseguisse ocasionalmente pugnar também pela transparência de tipo nórdico.

Luis M. Jorge

Minimalia ( XXX)

Não há  boas memórias.

As piores coisas  ainda te cortam, as melhores  não voltam.

FNV

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Comunidades negativas

Deixemos  Tonnies e a sua distinção entre wensewille ( vontade natural) e kurwille ( vontade racional) , deixemos Bataille e  as suas comunidades incompletas. A comunidade portuguesa, hoje, o que é?

Começa por ser uma comunidade de extensão. Angola, Alemamanha, Suiça, onde , numa localidade próxima de Yverdon aterraram tantos portugueses no último ano que as crianças estão em casa –  as creches  não têm mais vagas – e esteticistas portuguesas ganham a vida  a embelezar mulheres portuguesas  em pequenas oficinas domésticas e longe do fisco. Estas comunidades continuam ligadas à comunidade-mãe numa  relação que a biologia ainda não reconheceu. Não é simbiose, não é comensalismo.Talvez uma relação  obstétrica, em que o cordão imaginário , que se estende por rotas de aviões e estradas, une duas entidades que nunca mais se separarão, mas que também já não se reconhecem. Um tempo anunciado de pobreza tansforma a partida  numa atimia injusta.

É também uma comunidade de separação. Em nome da lógica da salvação moral, a palavra do banqueiro, da cuidadora oficial, do empresário, sempre igual,  é tida como correcta. Podemos e devemos empobrecer para enriquecer. Esta palavra é apresentada como motivadora, como slogan para um futuro melhor. Acontece que as palavras que transportam valores são como os comboios de dorso alvo do Ruy Belo: temos de voar por cima de um para compreender. Quando voamos  sobre  esta origem do novo Portugal, sobre esta urpflanz ( para  continuar com os poetas) a partir do qual todas as metamorfoses são possíveis, descobrimos carruagens  cheias de vitualhas, champanhe caro e mulheres elegantes. Desejar ao outro  a provação  em nome da salvação só é possivel se pudermos nós próprios experimentá-la. É  o exemplo que constrói  a moral e é por isso que é   tão difícil extrair moral de exemplos.

Acaba numa  comunidade inconfessada e aqui tiro o chapéu a Blanchot: a comunidade é aquilo que expõe, expondo-se. O futuro é muito tempo, dizia o marxista acusado de assassínio. No nosso caso, o que expomos , expondo-nos, é a discussão da culpa, subitamente transformada em handicap eleitoral.Isto  é a negação histérica, quase deprimida, de qualquer projecto.  É como se um conselho de anciões macuas resolvesse , em face de uma ameaça vinda do norte, discutir quem teve mais mulheres ou quem açambarcou mais farinha de milho. Eles sabem mais do que isso.

FNV

Pietá

Pieta
Já lívido repousa em seu regaço.
Já não escuta, não vê, não ri, não fala.
Aquele que foi Seu filho, Ela o embala
Morto, alheia a tempo e espaço.

O mistério parou no limiar dos assombros.
Dos irados profetas, das rígidas escrituras
Sobra um Deus morto, e os únicos escombros
São a atónita aflição das criaturas.

Eles choram, vários, como vários são
Sua revolta e Sua dor. Absorto,
O olhar da Mãe escorre, inútil, no chão.
Ela, o que chora? O Deus parado – ou o filho morto?

Reinaldo Ferreira

Minimalia ( XXIX)

Não sentes raiva. Já procuraste nas fotografias?

Não invejas. Já leste a carta de um suicida?

FNV

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Aleluia

Procurei , debalde, esta imagens nas reportagens das TV’s. O cicerone de Cavaco é o único que toca  no peixe com as mãos nuas ( todos os operários manuseiam as postas com luvas). Isto diz  muito sobre o empresariado português.

FNV

Da coragem

Reparo  há muitos anos que os colunistas do Correio da Manhã devem ter  vergonha de escrever  lá. Nunca os vi defender o jornal que lhes paga .

FNV

Não acho nada

Parece uma união de dois melões. Não tem o redondo empinado,  barely discreto, não tem  equilíbrio entre  a demarcação da linha média inferior dos glúteos  e o  diâmetro da composição geral. Isto para não falar do corpo de culturista que o  sustenta.

Um exemplar de marca  ganha-nos o dia. Quando vou na rua e vejo uma jóia da natureza,  dou um 8, 8,5,  chego  a casa e quase arrumo  a minha  secretária.

A 5, a 13 e a 17.

FNV

Cinco arrependimentos antes de morrer

Reparem que são todos de autoflagelação. Não há um ” gostaria de ter ido ao focinho ao Silva” , um ” gostaria de ter comido o meu cunhado” ou um ” gostaria de ter assaltado um banco”.

Por algum motivo ( muitos, na verdade…),  temos  ideia de que é preciso partir bonzinhos. A morte, essa grande branca…

FNV

Ventos ( 4)

Quando se dicutem modelos antigos para problemas novos, convém então fazer o exercício completo. Nos anos 50, a URSS era a grande mentira,  mas uma  mentira  piedosa. Toda a gente sabia o que se lá passava, apesar de , por exemplo, em Portugal, pessoas com Zita  Seabra só terem descoberto a verdade… nos anos 90. É evidente que a grande e  duradoura alternativa ao imperalismo-capitalismo era um sistema policial de terror, mas o caso é bom para não esquecermos outros aspectos. O método  da desqualificação pessoal,  sim ( bêbado, drogado, vendido à CIA etc), mas outros ossos.

Ao contrário do que se passou em regimes fascistas, nos regimes comunistas não houve, nem há, julgamentos. Não há Garzons que queiram levar Fidel a tribunal,  não há notícias de julgamentos políticos dos grandes carrascos da ex-RDA, da Polónia nem, claro , da ex-URSS. A superioridade moral da esquerda revolucionária faz-se destas coisas: foi só  um enganozito, o espectáculo retoma dentro de momentos.

A literatura sobre o affaire Kravchenko era razoável ( quando vivi em França recolhi alguma qu e entretanto perdi). Aqui têm um bom resumo, quando o ler darei novas:

Au regard de l’Histoire, les moyens de défense des communistes français, totalement inféodés au système soviétique et acritiques mais qui se drapent dans leur qualité d’anciens résistants et sont soutenus par de multiples intellectuels connus, sont de piètres et minables palinodies, et, Victor Kravtchenko, très isolé malgré son succès public, parvient néanmoins à faire comprendre la tragique réalité des procès de Moscou et du goulag”.

FNV

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Ou/ou

“Ratzinger, ao pé de Bergoglio, tinha o marketing de uma toupeira”, diz o Filipe.
Tirando que Bergoglio não é só marketing, e parece-me que daremos por isso mais cedo do que tarde, sim, Ratzinger deixa saudades. Desconfio sempre do sentimentalismo e o novo Papa foi recebido como um regresso ao calor latino, por via austral, depois do “pastor alemão”. Se os jornais não começarem a atacá-lo depressa, é porque há algum equívoco. Ou dele ou deles.

PP

Óscar Lopes (1917-2013)

Óscar+Lopes
Por uma coincidência improvável, soube da morte de Óscar Lopes no Porto, cidade onde viveu a maior parte da sua vida, e num colóquio na Faculdade de Letras, instituição onde ensinou no fim da sua carreira profissional. Como tantos portugueses, o meu primeiro contacto com ele foi, no entanto, a História da Literatura Portuguesa que escreveu em conjunto com António José Saraiva. Publicada em 1955 e sucessivamente reeditada desde então, é impossível exagerar a sua influência sobre gerações e gerações de estudantes. O sucesso da obra, quanto a mim, não se deve à abordagem histórica, que envelheceu mal no marxismo vulgarizado das introduções da praxe, mas no facto de ambos, sobretudo Óscar Lopes, serem mais críticos literários do que historiadores. Poucos seriam capazes de reunir a erudição e a sensibilidade dos dois autores, mas ainda hoje impressiona que a análise literária tenha mantido uma frescura muito maior que as referências historiográficas.
Na verdade, Óscar Lopes nunca deixou de ser um espectador muitíssimo atento da nossa literatura. Além da investigação especializada em linguística e da docência, no ensino secundário entre 41 e 74 porque a condição de comunista o impedia de ensinar na universidade, fez durante décadas crítica literária na Seara Nova, na Vértice e no Comércio do Porto. Foi dos primeiros a descobrir Ruy Belo, por exemplo (“a sua poesia provoca um pequeno sismo vivificante no senso comum da realidade”, diz a contracapa do velhinho Homem de Palavra(s) da Dom Quixote, em 1970, e esta citação bastaria para mostrar o estatuto de auctoritas a que Óscar Lopes entretanto acedera).
Nascido em 1917 como Eric Hobsbawm, outro grande intelectual marxista que morreu recentemente, Óscar Lopes dedicou toda a sua vida às ideias – e a uma ideia muito própria de justiça. Já não há muitos assim.

PP

Esqueceram-me? Todos.

The luncheon was already in full course when he came. He mumbled an apology and seated himself on the only remaining chair next to a youth who reminded him of a well-dressed dummy. With slight weariness his eyes wandered in all directions for more congenial faces when they were arrested by a lady on the opposite side of the table. She was clad in a silk robe with curiously embroidered net-work that revealed a nervous and delicate throat. The rich effect of the net-work was relieved by the studied simplicity with which her heavy chestnut-colored hair was gathered in a single knot. Her face was turned away from him, but there was something in the carriage of her head that struck him as familiar. When at last she looked him in the face, the glass almost fell from his hand: it was Ethel Brandenbourg. She seemed to notice his embarrassment and smiled. When she opened her lips to speak, he knew by the haunting sweetness of the voice that he was not mistaken.

“Tell me,” she said wistfully, “you have forgotten me? They all have.”

Uma -Uma: Uma das primeiras novelas vampirescas ( The  House of the vampire, 1907),  pelo tipo que fez uma das primeiras entrevistas  a Hitler, em 1923.

FNV

Minimalia ( XXVIII)

Era o  sexo fraco e  inventou a mais velha profissão do mundo. Agora que é forte, o que irá inventar?

FNV

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Não esquecendo

Gente  menos  publicitada, como bloggers iletrados, para quem  éramos  todo estúpidos  e ignorantes dos méritos indiscutíveis dos pequenos  génios discretos . Até aqui, na caixa do Declínio, aparecia  um,  jactante e  enfadado,  rematando as suas análises  com a deliciosa frase “ a realidade é tramada”.  Ó se é…

FNV

Minimalia ( XXVII)

A atração mútua e  permanente é a colonização perfeita: tu serves-me, eu dispenso-me.

FNV

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Minimalia ( XXVI)

E eis que prende terra, regressando  com o ábrego pelas costas. Tanto pode trazer coitelo embainhado como estormento enfeitiçado.

Seja como for, a terra não se moverá.

FNV

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A entrevista.

Permitir que Sócrates seja entrevistado por um canal de televisão não reabilita as acções do governo que dirigiu. Pelo contrário, qualquer tentativa de impedir esse depoimento é que protege e iliba o governo actual. Muitas das críticas feitas à entrevista de José Sócrates ocultam a angústia da direita portuguesa com o legado de Pedro Passos Coelho. É uma angústia justificada.

Ouvi muita gente afirmar que o governo Sócrates nos “trouxe até aqui”. Permitam-me rectificar. O que “nos trouxe até aqui” (à ruína, ao opróbrio, a descrebilidade da política) foram também dois anos de uma estratégia que pretendeu ir “para além da troika”, com resultados lastimáveis. Os loucos que espumam nas caixas de comentários deste blog contra a “esquerda” e o “social-fascismo” escusam de tapar o sol com a peneira.

Ao contrário da maioria, sempre julguei que o grande problema de Sócrates era uma fraqueza de carácter. Defendi a sua demissão em 2011 por acreditar que Portugal não devia ter um primeiro-ministro corrupto. Ainda acredito. E não sustento as minhas convicções sobre o carácter do homem apenas nos episódios do caso Freeport (embora conheça pormenores que me bastam), mas acima de tudo na sua obsessão com obras faraónicas a poucos meses do resgate, no enfraquecimento das garantias de transparência dos concursos públicos e no enriquecimento súbito de alguém que fazia projectos de engenharia para casas de emigrantes, anos antes de morar em Saint-Germain. Tudo isto devia ser explicado e não foi.

Por isso, as únicas perguntas a que eu gostaria de ver Sócrates responder eram estas: Quanto dinheiro tem? De onde veio esse dinheiro? Se recebeu heranças, quanto recebeu? Alguma vez ganhou dinheiro com empresas de obras públicas? Foi recompensado por angariar financiamentos partidários? Quanto ganhava como primeiro-ministro? Quando dinheiro acumulou nas suas várias contas desde que tem cargos governativos? Tem alguma poupança em offshores?

Quanto ao resto, parece-me muito bem que defenda o seu trabalho. Até porque há muito para defender, por comparação.

Luis M. Jorge

Minimalia ( XXV)

A revolta genuína topa-se  ao longe como navio no horizonte: traz a bandeira da quarentena.

FNV

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Pois é

“Anne Mette Kjaer and Hannington Odame described how, in Uganda and Kenya, extension reforms have been reversed or failed to get off the ground. Uganda’s NAADS programme underwent large changes to reincorporate the public sector and local government involvement. This is due to political factions “wanting in” on the action, impatience with long-term initiatives, and bureaucrats not agreeing with the original values of liberalisation and privatisation. Short-term thinking of politicians preoccupied with election cycles and rent-seeking, but also of donors, has been a constraint on extension service delivery in Kenya, too”.

( aqui)

FNV

Minimalia (XXIV)

A  família tradicional –  seria boa  sem   as   paredes  finas, as discussões ao almoço,  os irmãos  atiçados, o pai bruto. 

Compreendo. Querias um belo e caudaloso  rio.  Sem margens.

FNV

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Subsídios para o estudo das procelárias da direita dita cristã em Portugal

Este CDS-PP  é o mesmo que tem estado com um pé dentro  e outro fora desde que o caldo entornou. O outro CDS-PP é o mesmo, mas antes do caldo ter entornado.

FNV

Rendição

Quer uma  Igreja de pobres, trocou o anel de  ouro por um de prata e usa sapatos castanhos em vez de vermelhos de marca. Foi o que bastou para ver os media, também os portugueses(SIC-N à cabeça),  em estado sacro-orgiástico com o novo Papa ( “até dizem que é o novo Messias”, sibilava  a jornalista).  A presidenta da Argentina, paladina LGBT e antes hororizada com as posições  de Bergoglio sobre  o aborto, em vésperas de eleições também achou por bem mudar a  agulha  e agora emociona-se e pede-lhe beijinhos. Há quem não atribua grande importância à utilização de autocarros, mas o tempo amadurecerá a análise.

Ratzinger, ao pé de Bergoglio, tinha o marketing de uma toupeira. Saudades.

FNV

Pois sim, filho.

Selassie ao Jornal de Negócios.

O chefe da missão do FMI, Abebe Selassie, considera muito desapontante o facto dos preços da electricidade e das telecomunicações não terem descido e que esta questão é importante para garantir que os sacrifícios são repartidos de forma justa. (…)

“Não posso deixar de sublinhar que para Portugal ter sucesso daqui em diante tem de ser uma economia dinâmica, competitiva, com muita concorrência nos mercados de produto e ter as empresas destes sectores a contribuir com a sua parte vai ser muito, muito importante”.

A ‘troika’ volta ainda a defender que o debate das rendas excessivas não pode ser esquecido e que dele depende que os sacríficos sejam repartidos de forma justa.

“É muito importante que o debate sobre as rendas excessivas em algumas áreas da economia seja revisitado. Este é um aspecto muito importante para garantir uma justa repartição do esforço do ajustamento”.

Não deves estar a ver bem o filme, ó escurinho. Lá que tu queiras atazanar os trolhas e os funcionários públicos, ainda vá que não vá. Agora um homem probo, uma figura incontornável do nosso empreendedorismo, um vulto radioso, são e impoluto como o senhor doutor António Mexia? Volta mas é para a cubata.

Luis M. Jorge

Ventos ( 3)

Em 1920, Joseph Roth  testemunhava  (  Neue  Berliner Zeitung, 23 de Setembro 1920)   o processo instruído  ao cidadão P.B. Tratava-se de um  sem -abrigo ao qual tinha sido aplicado o artigo 361 da subsecção 8 do Código da  Lei Criminal do Imperio Germânico. Se em seis dia não encontrasse  residência seria  condenado  a seis semanas de cadeia. Jovens sem-abrigo e outros solidários promoveram uma reunião em Weinesse, na Frobelstrasse ( andei por essas zonas há uns anos, mas não consigo localizar  com exactidão).Roth conta que meses depois da revolta, passavam mais de mil desgraçadso por noite na casa -abrigo. Na tradução inglesa  fica melhor:
“The provisional or the contingent has become  their normal way of life, and they are  at home – in their homeless”.

As pessoas desinteressam-se, uma sensação  de que os acontecimentos não dependem  do indíviduo, que pode ser  substituído por qualquer outro: Arendt apanhava bem , em 1951, o  capinzal que agora se adivinha.Esta sensação também combina com nevoeiro europeu que vai pousando  com suavidade. Olhamos para a esquerda e para a direita , para cima e para baixo e não vemos  uma lógica, uma  direcção. Por enquanto levemente psicótica, a ausência de  intenção,  de uma finalidade, qualquer  finalidade, começa a espalhar outra sensação:  nada conta, nada pesa realmente.

Gide escrevia a Valery ( 28 de Abril de 1918) sobre os tempos difíceis: (…) mais ne somme-nous pas comme les roses; nous n’avons jamais vu mourir de jardiniers. Il y a toujours un jardinier. Uma boa imagem esta, a de um jardineiro que vai lentamente compondo o jardim. Cortando e regando, regando e cortando.
Ernst Thalmann ( num discurso proferido na sessão plenária do Comité Central do Partido Comunista da Alemanha, a 19 de Fevereiro de 1932) apoiava-se em Estaline para caracterizar o SPD e os nazis como gémeos. Thalmann acusava a pequena burguesia de esquerda de ser a principal base de apoio , e factor transformador, do fascismo hitleriano( sim, este termo exacto).
Trago esta leitura porque parece disparatada nos dias de hoje, mas reflecte um elemento tradicional na análise do percurso dos projectos inovadores. Em tempos de perturbação, os quadros ideológicos esbatem-se em favor de valores primários. A segurança, a direcção, o cortar a direito. Trabalho de jardineiro, pois então.
FNV
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Minimalia ( XXIII)

Uma mancha de café, talvez de tabaco, no braço do sofá. Há anos que sobrevive  à limpeza,  há  séculos que a vês, sempre  que a escondes  com o cotovelo enquanto conversas ou adormeces amodorrado.

É  isso  a memória.

FNV

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Filho da mãe

 

FNV

Minimalia ( XXIII)

A fidelidade é um cão que foge sem coleira  e regressa com ela.

FNV

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