Monthly Archives: Janeiro 2013

E mais não disse

Segundo o Público, os Secretários de Estado ora remodelados estão descontentes porque o PM disse que a remodelação “não tem dignidade para ocupar grande destaque político”. A notícia é confirmada por “várias fontes”, o que prova, suponho, a sua dignidade e destaque, diga o que disser o PM. Mas os Secretários de Estado ora remodelados deviam saber que o dizente PM nem sempre escolhe as palavras certas para dizer o que diz, ou mesmo o que não diz. E algo me diz a mim que ele não queria melindrar os “Senhores Secretários de Estado”. O que ele queria dizer era “Com o desemprego, e os impostos, e o Portas, isso agora não interessa nada”. Ou então “Vocês têm a Síria, o Mali, o PS, e pedem sangue por causa de três regedores de aldeia?”
Se Passos tivesse dito isto, teria dito muito bem. Mas não disse. E não disse porque a sua cabeça está cheia de lugares-comuns, armazenados segundo a lógica do desenrascanço. Quando os jornalistas lhe fazem uma pergunta ou a oposição o interpela no Parlamento, o nosso PM não dá uma resposta concreta, mas o soundbite disponível no catálogo. A realidade é para ele um ponto circunstancial a que corresponde uma fórmula em politiquês corrente: “ajustamento”, “sair da zona de conforto”, “sacrifícios pelos nossos filhos”, “luz ao fundo do túnel”, “país com oitocentos anos de história”, “compreendo a frustração dos portugueses” (esta vem da bola, onde é muito usada para conter a ira das claques). Mesmo a tirada aparentemente espontânea “que se lixem as eleições” é uma fórmula que substitui o pensamento.
Sendo a realidade infinita e o número de fórmulas limitado, há de vez em quando um défice entre a procura e a oferta. O resultado é conhecido por gaffe, um nome emocional para o que não passa de má distribuição dos recursos linguísticos. Por exemplo, a célebre frase “não podemos ser piegas”. Estou em crer que Passos já tinha usado há menos de três dias os “sacrificios” e a “zona de conforto”. Não querendo repetir-se (até o estilo formular tem uma estética, como sabemos de Homero), declinou o “façamos das tripas coração”, excessivamente demótico para a gravidade da hora. Porque a hora, grave, exigia sentido de Estado. Saiu-lhe, pois, o “piegas”, o mais próximo do “sangue, suor e lágrimas” do velho Churchill que um ex-jotinha alcança sem teleponto.
De modo que, Senhores Ex-Secretários de Estado, não vos preocupeis com a dignidade perdida. Olhai se o PM tem dito “que se lixem os piegas”. E mais não disse.

PP

Verdes são os campos

Como agora é secretário de Estado do Turismo ( uma vocação  popular  desde  Telmo Correia),  vai poder dizer todos os dias o que lhe  vai na gutural alma:
“Não esperem de mim que aceite que este Orçamento de Estado é, tal como está, inalterável. E terei oportunidade de o dizer directamente ao Ministro das Finanças”, escreveu Adolfo Mesquita Nunes”. (http://expresso.sapo.pt/cds-promete-dar-luta-ao-orcamento=f760402#ixzz2JaR2aK18)

FNV

Kairos – à espera da política ( 4)

Este personagem é um arquétipo da selvajaria que consentimos às máquinas partidárias. Os media  mudam-lhe os lençóis porque fez obra, coisa que qualquer indivíduo  normal com 300 milhões  para se endividar também faria. Este, em particular, ainda por cima tem atrás de si  um longo rasto de  figuras pomposamente  ridículas.

A pergunta é uma seta temporal: quanto demorará até despedirmos estes activos tóxicos?

 

FNV

Neocolonialismo.

Comunicado das Edições Tinta-da-china: “Bárbara Bulhosa, editora da Tinta-da-china, acaba de ser constituída arguida e sujeita a termo de identidade e residência. “Crime” cometido, segundo os queixosos: ter publicado o livro “Diamantes de Sangue – Corrupção e Tortura em Angola”, da autoria do jornalista angolano Rafael Marques. Os nove generais angolanos que moveram o processo querem que se saiba que há certa coisas que não podem ser ditas. Nem sequer em Portugal.”

Daqui.

Luis M. Jorge

Entretanto, na China.

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Veja a reportagem fotográfica. Se clicar em algumas imagens pode ver o contraste entre os dias limpos e os dias de fog.

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Luis M. Jorge

Cesário / Pavia

Cesário Verde, no meio de tanta luta de classes, consegue escrever versos de amor  com o rasgo  da ironia que os torna  letais. “Gasalhosa” é  a mulher  a que nos agasalhamos:

Todas as noites ela me cingia

Nos braços, com brandura gasalhosa;

Todas as noites eu adormecia

Sentindo-a desleixada e langorosa

( Proh pudor, 1874)

Cristovam Pavia ( Bugalho) , desprezivelmente desprezado pelos iniciados lusos, esse é sempre amorosamente amargo:

Cortei a poesia ao meio,

Metade foi para o lixo,

Metade para as estrelas.

FNV

Seixal: Coreia do Norte e um investimento

“Já que estamos no Seixal, aproveitamos para partilhar a resposta da Câmara a uma denúncia do Má Despesa. Como o Má Despesa contou, a câmara municipal do Seixal alugou, no ano passado, sete autocarros para transportar manifestantes para Lisboa, de modo a poderem participar na manifestação convocada pela CGTP, no dia 31 de Outubro. A situação repetiu-se a 15 de Dezembro. Saíram autocarros de Corroios, Amora, Fernão Ferro, dos Serviços Operacionais da Câmara Municipal do Seixal e dos Serviços Centrais da Câmara Municipal do Seixal. Em declarações à TVI24, a Câmara confirmou a situação e argumentou: “Este apoio não é uma despesa, mas sim um investimento, na medida em que o benefício gerado junto da comunidade municipal será muito superior ao seu valor monetário.” E acrescentou que se trata de “uma boa prática na parceria com as instituições do Concelho do Seixal, na prestação do serviço público e melhoria das condições de vida das populações”.

( ler mais aqui)

 

FNV

Um prazer

Ver os jogos do Benfica na FCPSporTV. Hoje, depois da entrada a matar do moço do Paços, os comentadores,  peremptórios: “Exagerada a expulsão”. Como ainda são obrigados a repetir os lances, lá tiveram de reconhecer: “Justíssima”. Passado um bocado, cartão amarelo  a Matic. Alegria incontrolada: : “Vai ser expulso! Vai ser expulso” É  o segundo amarelo” Azar, era o primeiro.

Devemos, no entanto,   reconhecer  e louvar  a contenção. Podiam ter soltado, no primeiro caso, “Roubalheira!” e, no segundo, ” Ó filho-da-p***. rua!, rua!”.

FNV

Agarrem-me que vou-me a ele

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Sendo eu um tipo básico, não percebo o eufemismo de António Costa para justificar a sua descandidatura ao lugar de Seguro. Como é que é? Se mantiveres o partido unido, prometo não desunir o partido? Assim a modos “agarrem-me que vou-me a ele” dos valentões de feira, quando não têm a mínima vontade de passar a vias de facto? Então para que é que foi o teatro todo?
Costa recuou perante o choque frontal, tal como já tinha recuado na rotunda do Marquês. Trânsito difícil não é com ele. Mas se os socráticos não têm outro peão, bem podem esperar sentados.

PP

Love like an egyptian

Os seis milhões de judeus foram é levados para os EUA.

Lá estamos, como sempre, de volta do  passado: dava jeito mudá-lo, não dava?

FNV

Kairos – à espera da política (3)

Dizia eu, nos  bastidores do Declínio e Queda, que  António Costa perderia se concorresse. No último número desta série recordei o valor do passado. Se Costa se apresentasse como  estandarte desse tempo, o partido  não lhe daria a confiança. Os grupos  pressentem a toxicidade.

Mais interessante é a luta surda pelo resgate da herança socrática, porque ela é mais do que isso. O PS é, nesta altura, um homem  que quer ser amnésico. Como diz Mefistófeles ao Estudante, no Fausto, cinzenta , amigo, é toda  a teoria. Ora, se as teorias sobre a memória da  elefante se aplicam aos grupos, a “tralha socrática” só pode resgatar o passado se apresentar o  imperador deposto  em pessoa. Muito difícil, não é?

FNV

Traição!

António Costa, candidato a Lisboa, não é ainda candidato a líder do PS. Trata-se de uma atitude extremamente desleal, que manifesta uma indiferença grosseira e um desrespeito imperdoável pela infalibilidade de pessoas como eu. Ao senhor director de programas da SIC Notícias, ao Daniel Oliveira, e a toda a equipa do “Eixo do Mal” comunico desde já que abdico também da minha própria candidatura. Ah, a política é uma coisa bem amarga.

Luis M. Jorge

Não haja dúvida

No balanço de  2012, reparei numa coisa em que já tinha reparado: 95% das psicoterapias que faço é a mulheres. E mais: muitas  criam anqueos terapêuticos, os poucos homens, não.  É evidente a razão. Elas sabem exprimir-se, comunicar, falar sobre emoções.

Fico, no entanto, na dúvida se o defeito é meu. Não sou capaz de fazer a ponte com eles ou desinteresso-me pela  simplicidade com que funcionam. Seja como for, ainda me espanto com a facilidade com que elas confiam em mim e me contam coisas que não contam às melhores amigas  nem ao seus homens.

Sou, portanto, um cyborg.

FNV

A bifana.

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Para começar, sugiro ao Senhor Director de Programas da SIC Notícias que medite na possibilidade de substituir Daniel Oliveira no “Eixo do Mal” por alguém que alie as virtudes da inteligência, capacidade de síntese e inegável charme natural ao domínio das belas letras e a um certo dom oracular que muito abrilhantariam o Seu excelente canal de televisão. Recordo-lhe, caro Amigo, que a indústria da publicidade, mesmo num cargo de elevado prestígio, é hoje menos compensadora do que se apresentava há uma década, pelo que as oportunidades de contratar profissionais competentes e bem informados se encontram, finalmente, ao alcance de um executivo criterioso.

Vem isto a propósito da dupla candidatura de António Costa, que ontem mesmo antecipei aqui num texto humilde, alinhavado à pressa e ao arrepio dos meios de comunicação tradicionais. Reclamo para mim um mérito especial pelo simples facto de ter previsto o que nenhum analista, comentador ou politólogo se atreveu a conjecturar? De modo algum. O passado é o passado e o que importa, como diria Medeiros Ferreira, é olhar em frente.

Costa chega a primeiro-ministro ou não? Bem, digamos que os pequenos passos lhe exigirão um grande salto, e que os grandes saltos lhe parecerão passos pequenos. O pequeno passo, mas difícil, é ganhar o PS. O grande salto, mas mais fácil, será o triunfo em Lisboa e depois no país. Portugal suspira por Costa enquanto o PS conspira contra ele.

E isto significa que o futuro da pátria não depende da troika, nem das exportações, nem da demografia, nem da complacência da opinião pública. Depende da bifana. Coma muitas, António.

Luis M. Jorge

E não tarda

Publica poesia, sob o petit nom de La Moreira;  com coisas como:

” Um rio de aves sussurra

nos teus lábios de romã

que  como com o peito

perdido nas árvores”

FNV

Kairos – à espera da política ( 2)

Ricardo Costa e Nicolau Santos  acabam de lançar Antonio Costa: é oficioso, avança contra Seguro. Já tem media ( SIC e Expresso) , veremos  se tem meios.

Como o debate sobre o regresso da dita tralha socrática vai ser a N.E.P. do partido e dos analistas, é curial recordar uma máxima estóica ( Séneca): o passado é a única coisa que nos pertence. É, portanto,  seguro,

FNV

Diário de um cínico

No Egipto, meia centena de mortos e estado de emergência devido aos confrontos dos últimos dias. O país-símbolo da Primavera Árabe “back in the winter quarters, where bad news is no longer news”, como Seamus Heaney dizia do Ulster num dos seus mais célebres poemas.
E pensar que quem previsse isto há um ano era acusado de racismo…

PP

Kairos – à espera da política (1)

Que  outra coisa move a máquina, que outra coisa moveu a máquina anterior? As coincidências estendem-se ao estilo público: Seguro também exibe aquele ar linfático, imperturbável.

É notável  a forma como as das máquinas se vão desligando das vidas reais das pessoas, mas isso é culpa das pessoas porque as máquinas não pensam.

FNV

Ou seja, do tamanho de uma leoa

rapport luiperd Monster Leopard shot in Namibia   October 2008

Este tipo tinha comido 50 reses a um fazendeiro e em 2008 deixou de ter problemas com as pintas. É recordista.

Toda  a gente sabe que o melhor amante de uma mulher é outra mulher ,  de idade nunca inferior  a trinta, com destreza no manuseio do dildo. O problema, como poucos calculam, é que as mulheres normais não costumam ter acesso a essas personal trainers. O que fazer diante deste rigor táctico? Um doutoramento, um SUV, uns pequerruchos num bom colégio religioso, a fluoxetina. E as pobres, perguntam vocês quando saem atarantadas de dentro do frigorífico? As pobres  não têm tempo para porcarias.

FNV

“Looking better”, not here.

Começa bem a avaliação de economia americana feita pelo Economist:

WHEN Barack Obama was sworn in four years ago, the economic figures were terrifying. A financial crisis and a savage recession were in full swing, and house foreclosures were soaring. The day of his inauguration, panic about the banks sent the Dow Jones Industrial Average down more than 300 points. At the start of his second term, by contrast, the Dow hit a five-year high, while a widely followed index of investor fear called the VIX reached a near-six-year low. The change in mood is understandable. The financial crisis and recession ended more than three years ago.

E continua num registo estival e despreocupado, com esta pequena declaração de uma ex-conselheira para os assuntos económicos de Barak Obama:

“A big part of why the US economy is doing better than Europe’s is precisely because we did not switch to rapid austerity,” says Christina Romer.

Ah, ainda recordo com limpidez as cornetas da direita portuguesa anunciando o apocalipse. Se não houvesse “austeridade” na América o universo ruiria, diziam-nos — asteróides enormes desceriam dos céus aos trambolhões e uma praga de gafanhotos iria degustar os dedinhos tenros das nossas crianças recortadas pelo fogo das profundezas, entre o sorriso inclemente dos transsexuais e das abortistas. E dois anos depois, o silêncio: US economy is doing better than Europe’s. 

Quer isto dizer que desistem? Jamé.

Ainda agora, num esforço temerário para combater a pressão mediática da esquerdaa maioria parlamentar entregou na Assembleia da República um diploma em defesa do regresso à RTP e à rádio pública de um programa semelhante ao “TV Rural”.

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Seja bem-vindo, engenheiro Sousa Veloso. Sim, entre e traga a sua múmia.  Não tenha medo, que esta merda está igual.

Luis M. Jorge

Agradecer?

A propósito da morte de Jaime Neves, o Filipe sugere que agradeçamos a Otelo o seu papel no 25 de Novembro.
Percebo-o bem. A glorificação de um símbolo do fim do PREC como Jaime Neves provoca inevitavelmente um certo triunfalismo de “direita”, e não há nada que mais irrite o Filipe do que o triunfalismo – de “direita” ou de “esquerda”.
Reduzir a história da democracia portuguesa a uma derrota da extrema-esquerda seria míope, sem dúvida. E injusto para todos que fizeram o 25 de Abril. Mas não esqueçamos também que, no 25 de Novembro, Jaime Neves combateu aqueles que queriam escrever uma versão da história ainda mais míope e injusta. Muitos anos depois, alguns continuavam a matar inocentes em nome de tal versão da história. E um deles era Otelo.
Agradecer?
Obrigado, Jaime Neves.

PP

Ronda da noite

The-Nightwatch-Rembrandt

Submerso em trabalho, como é próprio da quadra, só hoje reparei que dois camaradas ex-Cachimbo estão a escrever no Insurgente: o Jorge Costa e o Alexandre Homem Cristo. Escrevem bem e pensam melhor. O Insurgente fica a ganhar muito – e nós também.

Já várias vezes chamei a atenção do estimável público para as fotografias da Luísa Correia. Ora vejam lá se isto não é magnífico…

PP

Vivendo acima das suas possibilidades, desbaratando recursos, sobrecarregando o Estado:

Para estes não há palavrinhas das Jonets y pios amigos, das Cristinas Galvão, dos sec. de Estado da Saúde,  nada, ninguém, zero:

Para a banca faltosa, não há mesmo nenhuma palavrinha zangada, vindo do mesmo ministro e primeiro-ministro e dos vários secretários de estado que incham o peito contra as cabeleireiras, os mecânicos de automóveis, e os donos de café e restaurantes? Aí sim, há palavras duras e mostras de robusta firmeza”.

E tu? Tu falas quando chegar a tua vez e quando chegar a tua vez estás calado.

FNV

Qual Minotauro?

Daniel Oliveira desenrola o seu novelo de sete parágrafos para meter António Costa num “labirinto” imaginário a que em inglês técnico se chama wishful thinking. A tese é simples. Se o congresso do PS ocorrer após as autárquicas, Tó Zé Seguro sairá “fortalecido”, logo irredutível ao cerco da boa gente que o deseja escorraçar. Se o congresso ocorrer antes das autárquicas, Costa arrisca-se a perder a capital pouco tempo depois, já que “não deverá ser candidato à Câmara de Lisboa”.

Ora é aqui que a porca torce o rabo. “Não deverá” porquê?

Jorge Sampaio, que tinha contra si a faculdade de exaurir os portugueses, nem por isso deixou de acumular airosamente um mandato camarário com o cargo de secretário-geral do PS. A experiência foi tão traumática que a seguir derrotou Cavaco nas presidenciais. Ou seja, o Daniel parte de uma asserção discutível para obter conclusões que já foram desmentidas pela história do regime.

Se António Costa for viril e desempoeirado, como se espera que seja um futuro primeiro-ministro, não se impressionará muito com pequenas perturbações de calendário. Antes ou depois, a opção que deverá propor aos congressistas é cristalina: “ou me nomeiam ou ficam com o artolas até ao dia do juízo”.  Qualquer partido de gente madura sabe o que tem a fazer.

E se não souber, não merece melhor.

Luis M. Jorge

 

Jaime Neves? 25 de Novembro? Agradeçam a Otelo:

R. – Apesar de haver já nessa altura muitos contactos com oficiais de vários lados, com o grupo dos Nove, com civis dos partidos, o 25 de Novembro passou por uma unha negra: quando se quebra a disciplina militar e a cadeia de comando, ninguém sabe a quem obedecer. Mesmo o Jaime Neves – uma das figuras de proa – só devia confiar em meia dúzia de homens! E um dos responsáveis pelo sucesso desse 25 de Novembro foi o Otelo.

P. – Como assim?

R. – Porque foi ele que reintegrou o Jaime Neves nos Comandos. Ele fora saneado por um grupúsculo de extremistas – e mais uma vez os que o apoiavam ficaram paralisados! – mas quando depois disso o Otelo vai à Amadora e, chegando à conclusão de que afinal quase todos queriam o Jaime Neves de volta, reintegra-o… Se ele não o tem feito, estou certo de que o 25 de Novembro não teria ocorrido nem naquela data, nem daquela maneira.

(aqui)

FNV

Antena islâmica & Do Califado Europeu

1) Instagramming the Middle East.

2) In my experience, far from advocating Sharia squads, most ordinary mosque-goers would be sickened at the sight of co-religionists pontificating about morals to non-Muslims.

Muito bem, é um facto que os imbecis  dos skins aproveitam todas as  migalhas, mas ficam duas coisinhas por esclarecer:

2.1) Há “patrulhas cristâs” em Londres a rapar a cabeça  a miúdas de mini-saia? Não fazia ideia

2.2) Se for about morals to Muslim já pode haver patrulhas da sharia? Londres já faz parte  do Califado?

 

FNV

Mais uma prova

De que não há desvio de esquerda nos  media é o chinfrim que os ditos estão  a fazer com estas declarações  racistas de Arménio  Carlos.

Já passaram tantas vezes nas nossas  televisões como naquela  vez em que Berlusconi chamou bronzeado a Obama ou quando  Zezinha Nogueira Pinto ( que os deuses a tenham em paz) disse que havia demasiadas lojas chinesas em Lisboa.

É que não falam de outra coisa.

FNV

Ser estúpido, insistir.

João Ferreira do Amaral em entrevista ao Público. Sublinhados meus.

O que acha do debate sobre a reforma do Estado que o Governo está a querer lançar?

Fazer o debate, sim, é importante. Mas não desta maneira. O começar com o corte de 4000 milhões de euros foi um mau começo. Por várias razões: primeiro, porque é um corte que macroeconomicamente não faz sentido. Se tivermos um corte de 4000 milhões e ainda para mais tudo concentrado em 2014, isso significa um impacto recessivo no PIB que eu avalio em cerca 3% do PIB e provavelmente uma taxa de desemprego que vai até aos 20%. A não ser que fosse compensado com uma descida de impostos imediata, mas aparentemente não é essa a ideia. Isto cria uma dúvida total sobre se isto é exequível ou não. Depois, do ponto de vista da própria acção do Estado, não é boa política, porque, se o corte de 4000 milhões for para levar a sério, vai-se cortar de uma forma que acaba por não ter racionalidade, porque a pressão para cortar é tão grande. Teria sido preferível olhar para aqueles aspectos onde há realmente ineficiências do Estado e discutir a forma de as ultrapassar, só depois retirando as poupanças que daí adviriam.

Mas não será necessário para reduzir o défice?

Objectivos demasiado intensos na austeridade do Estado têm resultados contraproducentes. Isto é, obteríamos melhores resultados no défice e na dívida com menos austeridade. Houve duas subavaliações tecnicamente imperdoáveis na análise feita pela troika à situação do país: uma é que subavaliaram os feitos do endividamento das famílias. Em famílias muito endividadas, o efeito da austeridade amplifica-se, porque estas cortam ainda mais no consumo quando os seus rendimentos são afectados. O segundo efeito que subavaliaram foi o desemprego. Eles próprios reconheceram, mas a meu ver foi imperdoável. Sabe-se que o emprego, na sua enorme maioria, está ligado à procura interna, e a queda desta, tão drástica como foi, iria certamente ter consequências no desemprego muito graves. Ora o desemprego é gravoso para quem cai nessa situação, mas também o é para as contas do Estado. Tudo isto junto levou a uma subavaliação dos efeitos sobre as finanças públicas e a uma austeridade excessiva. É ridículo descer o défice real o que se desceu, pouco mais de um ponto percentual de 2011 para 2012, com uma austeridade tão brutal. Infelizmente, a troika continua a reincidir nos mesmos erros e a exigir este corte de 4000 milhões.

Luis M. Jorge

É tudo deles

A RTP Informação, antiga RTP-Norte, que ainda há pouco tempo suscitou um debate de alto coturno  ( promovido por “nortenhos”, vulgo portuenses , quase todos menesistas e Futebolclubeportistas) porque alguém quis passar um programa de variedades  para Lisboa, anunciava assim ontem o fim do BragaxBenfica : ” Peseiro critica arbitragem”.

Se ao FCP não chega o Porto Canal e a SporTV, que compre mais um. Não vejo por  que raio tem o país de sustentar uma coutada  ao serviço dos prebostes de Pinto da Costa. Devem estar a confundir  o país com  o Sporting.

FNV

A questão geracional (3):epelydes e epigonoi, ou a geração perdida e a geração comprometida

Vem-me à memória uma descrição ( via Beevor)  da vida de  García Marquez, em Paris, 1957. Enviado pelo El Espetador, colombiano,  instalado num sotão parisiense, no quarto de criada do Hôtel de Flandre,  na Rue Cujas, alimentando-se de esparguete frio, fumando três maços de Gauloises por dia. Escrevendo quase sentado em cima do aquecedor, com saudade de Mercedes, que ficara em Barranquilla, termimou La Mala Hora.  A geração perdida será a que estudou durante  o primeiro decénio ,  a comprometida será a que está agora fazê-lo. Estão,  ambas, como García Marquez em 1957, na Mala Hora.

Julgo existirem  diferença entre estas duas categorias. A perdida está forçada  a duas coisas: emigrar ou trabalhar abaixo das suas qualificações. Que tipo de consciência  política terão estes imigrantes ( epelydes) nas sua própria terra, é coisa que veremos. A classificação não é totalmente despropositada. Um estatuto menor, a herança de um deserto,  um certo estupor na forma como olham o país. Como emigrantes/imigrantes, operarão a dupla condição dentro  e fora do território.Interessa-me mais o estatuto de imigrantes de dentro. A um discurso  que lhes diz “desculpem qualquer coisinha, mas agora  não há  nada “, poderão responder com o alheamento, mas também com a antiga adesividade a modelos esgotados. Serão, provavelmente, os últimos moicanos tolerantes da velha e mansa ordem partidária.

A geração comprometida, os  epigonoi, ou  descendentes,  das opções tomadas pelas classes dirigentes ( nacionais e europeias),  desenvolverão  uma identidade grupal  diferente. Já sabiam com o que contavam, por isso o grau de crença é baixo. Poderemos  assim falar de epigonoi orfãos, que, como cães de ninhada de rua, lutarão como tiver de ser. O problema, parece-me, é que essa sobrevivência já não será à custa  do esquema assegurado pela antiga rulling class. É possível que o compromisso  dessa geração seja com ela própria, cavando um fosso ainda maior com os anqueos  geracionais e, portanto, também políticos.

FNV

Se Braga fosse amarga, ficava assim

Não foi, mas vai na mesma, porque a country é o fado  branco.

 

FNV

Os burocratas unidos jamais serão vencidos

Mui judiciosa escolha. A seguir vão estes camaradas para uma comissão de combate à homofobia.

 

FNV

“Quem não é revolucionário aos vinte”…

Não pode ser democrata aos quarenta“. Tretas.

Estava a ouvir José Manuel Fernandes a falar dos seus tempos maoístas como uma ex-matriculada  fala dos seus tempos de lupanar. Isto numa semana em que , por coincidência, numa conversa regular  que tenho com um conhecido, velho revolucionário e poeta ( que não renega nada), dizia-me ele a propósito dos  crimes comunistas: “Nós estávamos isolados, não sabíamos“. Muito difícil de aceitar, mas passemos ao pós 25 de Abril,  a benefício de inventário. Nessa altura ( 74-75), Portugal era uma sociedade aberta. Só não sabia dos crimes  dos khmers vermelhos, dos soviéticos, de Praga 68, dos Guardas da Revolução etc, quem não queria saber. O osso é,portanto, outro.

Há personalidades que se adaptam muito bem a sistemas de pensamento mortíferos. Hoje, no século XXI,  muita gente ainda defende  Estaline, as ratoneras cubanas, o nazismo etc. Reich, no Psicologia de Massas do Fascismo, tentou esboçar o mecanismo: paralisação geral do pensamento e do espírito crítico ( as teorias da sexualidade reprimida  não interessam).

Não chega. Quando os ex- “istas”envelhecem, substituem essa adesão por uma mecânica que guarda os velhos vícios, mecânica essa que  sabemos  reconhecer. Por exemplo, na filiação radical em causas parcelares, com desprezo absoluto  pelos diferentes, na pose iluminada ou salvífica ( complexo de Cassandra), no sintoma de despersonalização que exibem  quando falam do seu próprio passado ideologicamente oposto ao presente.

Se há coisa que um miúdo interessado pela política  não é natural que seja é sanguinário, fanático ou submisso.

FNV