Elites

Curioso, muito curioso, o estatuto que Sérgio Sousa Pinto adquiriu no PS. Consciência de esquerda do partido, única voz discordante no último congresso, crítico oficial de Seguro como Seguro foi de Sócrates. Mas Sousa Pinto, o eterno jovem do PS, faz parte do sistema desde pequenino (também como Seguro…). E é na qualidade de deputado, posando para a fotografia nos “passos perdidos” do Parlamento, que dá hoje uma entrevista de pura retórica ao Público, atirando-se ao poder do dinheiro e à trahison des clercs. “Tenho medo das nossas elites”, diz. Já nos falharam várias vezes ao longo da história.
E diz muito bem. Mas o dito soa a falso na boca de quem fez carreira política à sombra do socratismo. Sobretudo quando o remédio para todos os males está na receita do costume: “entre a unidade europeia e a guerra não existe nada”. Eis um verdadeiro socialista que acredita na vanguarda do proletariado. Se não no Rato, pelo menos em Bruxelas, que a elite da vizinha é sempre melhor que a minha.
Como diria o Dr. Soares, por menos do que isto já muita gente liderou o PS.