Não há direita a sério em Portugal?

Talvez, no mesmo sentido em que não há homens a sério em Portugal. O último tipo que mastigou lâminas e matou búfalos ao sopapo, que deixava as gajas em casa e saía à sexta-feira para uma noite de bonding masculino com o Antunes e os camaradas da Guiné responde agora por Milôla e despe-se à uma e meia no Trumps.

Mas, se a direita a sério rareia, a direita a brincar multiplica-se com uma espécie de abandono malthusiano por blogues, governos, semanários e coudelarias reais. O colegas querem Deus, Pátria e Família? Pois cá estão as palavras do Senhor, as bigornas da portugalidade e os serões vaporosos da Francisca Prieto, mãe estremosa do Rodrigo Prieto, da Rita Prieto  e do Manelito Prieto, assim designados para que não se confundam com os Rodrigos, Ritas e Manéis que lambem o ranho nas escolas públicas de Mira-Sintra ou Agualva-Cacém.

Os meus amigos queixam-se da pressão mediática da esquerda? Nesse ponto dou-vos razão. Também eu estou farto de comunas. No semanário Sol enfrentamos a ofensiva marxista de Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Santana Lopes e José António Saraiva. No Expresso, erguem as foices e martelos Henrique Raposo, João Duque, Manuela Ferreira Leite, Martim Avillez Figueiredo e Rui Ramos. No DN abundam passionárias como Adriano Moreira, Alberto Gonçalves, Celeste Cardona, Luis Filipe Menezes e o Lenine do Século XXI, João César das Neves. O Público lidera o levantamento dialéctico com Pacheco Pereira, Vasco Pulido Valente e José Manuel Fernandes.

Esquerda, esquerda, estamos cercados pela pressão mediática da esquerda. Hélas, não há, nunca houve direita em Portugal: e fazia-nos cá tanta falta. Nosso Senhor nos ajude.

Luis M. Jorge

20 thoughts on “Não há direita a sério em Portugal?

  1. E também a Virgem Santíssima e Todos-os-Santos. Amen.

  2. O 2º e o 3º parágrafo são a razão pela qual volto todos os dias a este blog (ou onde quer que o Luís escreva ou venha a escrever).

  3. Amén!
    (isto é tão bom)

  4. Miguel diz:

    ehehe … tiraste-me as palavras da boca, especialmente no parágrafo a propósito da avassaladora pressão mediática da esquerda — incluindo aquela que também fala descomplexadamente, segundo as palavras do Filipe, em defesa de Deus, Pátria e Família. OK, subsistem algumas dúvidas relativamente a Deus, mas não há dúvida de que Pátria e Família são valores bem de esquerda. O teu post, 18 valores. Mas melhor que este teu post, as minhas desculpas, é o da Francisca Prieto. Esse merece 20 valores.

  5. Fernando Lopes diz:

    Nunca esquecer o Camilo Lourenço a fazer pendant com a Helena F. Matos. Uma espécie de super-heróis da direita em várias tribunas. A única dupla que gostaria de ver num snuff movie.

  6. soliplass diz:

    Cum catano…delicioso… se bem que aquilo das coudelarias lhe possa valer acusação de menoscabo a equídeos. Bendita net que dá acesso a coisas destas a partir de cascos de rolha boreais.

  7. […] a gente daqueles “retratos do natural” que nos deixou. Ou à falta de um Camilo, por um destes a quem raramente falha a pontaria […]

  8. soliplass diz:

    Ora, escrevam vocês pior que já passo aqui menos tempo. Afinada trempe que se aqui juntou. Parabéns.

  9. Olé, Luís! Orelhas, rabo e volta à arena. Rnhó, nhó, nhó, a esquerda domina os jornais, rnhó, nhó, nhó, a esquerda domina o debate o debate político, rnhó, nhó, nhó, já não há direita à antiga… enfim, chateia ter um Governo de direita a aumentar os impostos que pagamos? Ui, se chateia, se chateia…

    • Nuno Valério diz:

      Caro Sérgio Lavos, mesmo não me retirando deste contexto específico, não será um eufemismo catalogar este (des)governo de “direita”? Creio, na minha humildade concêntrica, que no olimpo das ausências desta comandita dita Governo está a mais fugidia noção de ideologia e, atenção, falo em ideologia como foi originalmente (Conde de Tracy, 1801) cunhada: Ciência das Ideias.
      Nosso Senhor nos ajude, voilá…

  10. […] Não há direita a sério em Portugal? […]

  11. Maquiavel diz:

    Quem caiu fui eu… no chäo, a rebolar-me a rir! Delicioso!

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