E se fosse cá?

Durante o encontro do Eurogrupo, Wolfgang Schauble propunha a aplicação de uma taxa de 18% aos depósitos efectuados em bancos portugueses. Pedro Passos Coelho e Vitor Gaspar elogiariam a sensatez do correligionário alemão.  Na conferência de imprensa garantiam-nos que só o confisco de 30% do valor das poupanças era capaz de colocar o nosso país no “bom caminho”, à falta de alternativas credíveis para assegurar a “retoma”.

Com o enlevo que a pátria dedica a todas as asneiras, uma multidão de gnomos papaguearia nos blogues a clara inevitabilidade do saque. No parlamento, o partido de Paulo Portas contestaria a decisão antes de votar a seu favor. O PS abstinha-se. O deputado Abreu Amorim e dois ou três campónios assolados pela caspa assegurariam a defesa do diploma, logo promulgado pelo Presidente da República com um sério aviso contra os riscos da austeridade. Lá para Outubro tinhamos a decisão do Tribunal Constitucional.

Luis M. Jorge

16 thoughts on “E se fosse cá?

  1. Apenas para completar, o PS abster-se-ia mas violentamente e o Presidente da República talvez classificasse a medida de insensata, como fez agora, mas diria que não conseguia ver nenhuma alternativa.

  2. Capitão Alverca diz:

    A caspa, a comichão, a ole??sidade.

  3. XisPto diz:

    A ficção é credível, a moral emergente decepcionante. Não sejamos totós. A nossa única e real defesa contra a arbitrariedade dos nossos credores é – como teria sido no caminho para a bancarrota – uma política orçamental económica e financeira correcta e pragmática, o contrário precisamente das fantasias irresponsáveis que por aí prosperam explorando a credulidade de uma opinião pública. É sempre fácil projectar as nossas frustrações no boche do Schauble e pensarmo-nos como vítimas.

  4. Fernando Cardoso Virgílio Ferreira diz:

    Caro Luís, nem Camilo (o Castelo Branco, não o Lourenço) reportaria melhor; contudo, o meu palpite é de 25% para o esbulho a ocorrer após 30 de Junho p.f., quando Sua Anibalidade convocar o láparo ainda 1.º Sinistro para o despedir de modo sumário, substituindo-o pelo “Paulinho-que-já-foi-das-feiras-e-hoje-é-papa-milhas” à frente de (mais) um (Des)Governo de «União/Salvação Nacional» composto por todos os partidos do “arco da governação/governabilidade/consenso europeu”, incluindo alguns indefectíveis da coligação funcional Soares-Sócrates…

  5. Fernando Cardoso Virgílio Ferreira diz:

    Caro Luís, desculpe a minha “constância na persistência” tão ao jeito do nosso inefável astrólogo Raspar (o apodo do não menos inefável Prof. Marcelo), mas a Krugman o que é de Krugman:
    «Shorter Cyprus
    So, a quick summary: The Germans don’t want a Cyprus collapse / exit from the euro, but they also don’t want the spectacle of German taxpayers bailing out Russian money-launderers. So what they did instead was blackmail Cyprus into having Cypriot depositors bail out Russian money-launderers. That way Germany’s hands are clean.
    Am I missing something?»

  6. Jorg diz:

    Sabe porque é não o fizeram em PT? Porquev talvez as poupanças não fossem assim tantas….

  7. VF diz:

    Este post é de antologia. *Saúde*

  8. henedina diz:

    Luís volte a escrever sobre literatura. Pode falar disto, claro, mas ponha alguns postes sobre literatura. Gostava muito deles e necessito de uma fase de negação. :). Obrigada.

    Estou tão farta de incompetencia, respeitinho, falta de imaginação, falta de respeito, perda das mais elementares qualidades que só sinto prazer a ler e a escrever e a falar com quem lê. Algo me diz que o PPC não lê e o Gaspar só relatórios de Bruxelas…

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